Crédito: Daiani Cerezer
Daiani Cerezer Com músicas e uma mística ecumênica, o 15º Grito dos Excluídos ganhou as ruas em diversos pontos do país, durante as comemorações da independência do Brasil. No Rio Grande do Sul, pela primeira vez, a atividade foi realizada na sexta-feira, dia 4.

O Grito iniciou por volta das 10h, em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre. Representando as pastorais da igreja, o padre Rudimar falou sobre a história da manifestação e lembrou os três sentidos defendidos nessa edição:

– denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão;

– tornar público o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome; e

– propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação de todos os cidadãos.

Ainda na abertura, a presidente do CPERS/Sindicato, Rejane Oliveira, declarou que é graças a unidade da classe trabalhadora gaúcha que se criou uma política de enfretamento contra o governo estadual. "Estamos enfrentamos esse governo que representa o retrocesso, a corrupção, o autoritarismo. Com o que a Yeda roubou dos cofres públicos, deixou de investir na saúde, na educação, nas políticas públicas. Por isso temos que derrotar esse projeto neoliberal e dizemos fora Yeda!"

Já em frente ao Palácio da Justiça, a primeira parada da marcha, o integrante da Via Campesina, Cedenir lembrou a morte do companheiro do MST, Elton Brum. "Hoje queremos dizer que estamos na luta com todos os excluídos, contra esse Estado que se apropria das riquezas do povo", declarou.

Após a marcha seguiu pelas ruas Riachuelo, Caldas Júnior, Siqueira Campos, Borges de Medeiros. Durante o trajeto, houve falas dos representantes dos movimentos estudantis e da juventude. Para o secretário de Juventude da CUT-RS, Rodrigo Schley, hoje é um dia de lembrar todos os companheiros que tombaram pelo movimento. "Queremos a reforma agrária e urbana, investimentos e políticas públicas para a juventude", salientou.

A segunda parada ocorreu em frente à Prefeitura Municipal, onde o representante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Alcemir, disse que a cidade tem que ser planejada para os trabalhadores e não para a elite. Já a integrante da Marcha Mundial de Mulheres, Cristina Lemos, a luta das mulheres é importante para que as companheiras não sofram em silêncio e para exigir políticas públicas específicas: "Somos mulheres, não mercadoria."

O encerramento da manifestação ocorreu na Esquina Democrática, pouco depois do meio – dia. Para o presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowski, hoje foi mais um dia histórico para a classe trabalhadora gaúcha. "Há quinze anos, o Grito dos Excluídos luta pela vida, mas esse ano, aqui no nosso Estado, precisamos lutar contra a corrupção, contra a criminalização dos movimentos sociais. Dizer que lá na fazenda Southall queremos a vida, e não a morte, como aconteceu com nosso companheiro. Nas ruas do nosso Estado, queremos o direito de livre manifestação e não a repressão e o autoritarismo desse governo", declarou Woyciechowski.

Encerrando o ato, a representante da Pastoral Operária, Clarice Dal Médico, as pastorais que promovem o Grito dos Excluídos, tem um compromisso nas suas bases: "temos que lutar para não termos uma igreja corrupta, que não se cala quando um sem-terra é morto." Para ela, a luta de enfretamento desenvolvida no Estado é graças a união dos movimentos sociais que luta por melhores condições de vida para o povo. "Estamos finalizando o 15º Grito dos Excluídos, mas não finalizamos nossas forças. Estaremos junto com o povo, na luta", completou.

O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular aberta e plural, que unifica grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos. O Grito acontece, tradicionalmente, no dia 7 de setembro.

Fonte: CUT-RS

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