Um público de 150 mil pessoas participou de um ato histórico por eleições diretas, na praia de Copacabana, neste domingo (28). O protesto foi convocado por artistas e organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, iniciativas que reúnem centenas de movimentos populares, centrais sindicais e partidos de esquerda. A concentração da manifestação começou às 11h e se manteve lotada até às 19h. O ponto alto aconteceu às 17h quando subiram ao palco os cantores Caetano Veloso e Milton Nascimento. O objetivo da manifestação é pressionar o Congresso Nacional a aprovar uma emenda à Constituição que permita eleições diretas para presidente da República.
O ator Wagner Moura atuou como mestre de cerimônia do evento cultural e político, que reuniu grandes nomes da música brasileira como Criolo, Mano Brown, Maria Gadú, Mart’nália, Teresa Cristina, assim como parlamentares, líderes de movimentos populares, ex-ministros e outros. “Não é possível que Michel Temer siga sendo presidente. Também não é possível que o próximo presidente seja escolhido por esse Congresso, cúmplice do golpe e que tem 200 deputados investigados. Pode ser legal, mas não é legítimo. Temos direito de votar e queremos eleições diretas. Essa não é uma festa de esquerda, nem de direita, essa é uma festa da democracia”, argumentou Moura.
Diversos artistas fizeram vídeos na internet convocando a população e também compareceram ao protesto. Entre eles Antônio Pitanga, Camila Pitanga, Osmar Prado, Bete Mendes, Daniel de Oliveira, Gregório Duvivier, Sophie Charlotte, Zezé Motta, Maria Casadevall e muitos outros. O ator Humberto Carrão, que já participou de outros atos em defesa da democracia, também foi lá dar o seu recado. “A gente não aguenta mais esse governo ilegítimo. E os deputados não podem escolher o próximo líder que vai governar o país, porque esse Congresso ignora o que pensa e reivindica a sociedade. Por isso gritamos hoje: Fora Temer e Diretas Já”, disse Humberto.
Para o ator Daniel de Oliveira, protestar em um momento como esse não é apenas um direito, como é uma obrigação de quem quer um Brasil melhor. “Não tinha como não estar hoje aqui. É um dever e um direito pedir diretas. Acho que é o povo que tem que escolher quem vai ser o presidente”, destacou.
Entre o público, o clima era de indignação devido às últimas revelações feitas na delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBF. Dona Graciela de Oliveira, de 70 anos, conta porque saiu de sua casa para ir a Copacabana se manifestar. “Estou aqui porque aquele Congresso corrupto tirou uma presidente eleita democraticamente para entregar o nosso país e a nossa economia aos interesses estrangeiros. Para acobertar as coisas erradas do PSDB e de todos aqueles que são contra o povo. Por isso vim protestar”, disse.
As imagens do alto do protesto registraram um verdadeiro mar de gente na orla de Copacabana. Esse ato pode entrar para a história política do país como uma das principais mobilizações por “Diretas Já”. Foi assim também em 1984 quando milhares de pessoas foram às ruas contra a ditadura militar e também pediram eleições diretas.
*Com informações da Mídia Ninja.
Edição: Vivian Virissimo
Fania Rodrigues e Mariana Pitasse*Brasil de Fato