A crise internacional foi o principal tema da exposição do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) durante a abertura do 2º Congresso da Contraf/CUT, que está reunindo em São Paulo, entre 14 e 16 de abril, representantes de bancários de todo o Brasil e diversas partes do mundo.

Berzoini, que foi presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região entre 1994 e 1998 lembrou que é bom ver que passou por uma organização sindical que se renova a cada dia. "E isso é importante porque essa categoria tem um grande desafio: os bancários estão no centro da conjuntura mundial nesse momento", disse o deputado, destacando que a crise teve como estopim justamente a ideologia da desregulação do mercado. "E agora temos a possibilidade de debater sobre o futuro da humanidade. Como os Estados podem retomar a capacidade de ser uma representação real da vontade popular."

Berzoini destacou que aqueles que durante muitos anos fizeram uma apologia do "deus mercado", querem trabalhar essa crise como um pequeno desvio. "Mas o que está colocado é um debate entre o que o povo quer e o mercado quer." O parlamentar quer levar essa questão a uma das Comissões Especiais da Crise – Berzoini faz parte da que discute sistema financeiro e mercado – onde quer apresentar um projeto para debater como o Estado brasileiro tem que supervisionar o mercado . "Sistema bancário não tem crise? Quem não tem crise são os banqueiros e não têm crise de solvência pelos seus defeitos e não pelas suas qualidades", ressaltou o deputado, questionando: "por que não temos regulação internacional do sistema de derivativos e outros mecanismos que produzem riqueza sem que haja trabalho?"

Para o deputado, o Brasil está melhor devido à sua preparação e à atuação do governo Lula, que desfez a política neoliberal que conduziu o país nos anos 1990. "Mas não vamos nos enganar, o Brasil também é vítima da crise mundial e o acionista majoritário (o governo brasileiro) não pode ser criticado quando decide trocar o presidente do banco (Banco do Brasil) porque acredita que os juros do BB têm que ser um instrumento para reduzir juros no mercado brasileiro", disse Berzoini, ao lembrar das críticas feitas a Lula após a demissão de Antonio Lima Neto do Banco do Brasil. "Não foi uma decisão política a criação do BB, há 200 anos? E não é uma decisão política quando o BB decide criar uma linha de crédito, quando decide usar recursos do FAT? O maior acionista da Rede Globo não interfere também na linha editorial do Jornal Nacional?" indignou-se o deputado. "Mas o mercado não se conforma. Por isso, nesse debate sobre o que é decisão política o movimento sindical tem que entrar de sola. Os trabalhadores bancários têm que saber que é preciso pressionar o Congresso Nacional para que retomemos o tema de regulamentação do Sistema Financeiro Nacional, de uma lei sobre spread máximo e metas para operações de crédito. A pauta do movimento sindical é extensa, mas esse é o tema da hora: um sistema de crédito saudável para financiar o emprego do povo brasileiro."

Fonte: Rede de Comunicação dos Bancários

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