A pesquisa foi lançada na manhã desta quarta-feira-feira (21), dia nacional de luta por mais segurança nos bancos, durante entrevista coletiva na Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba. Bancários e vigilantes realizam manifestações em todo país, cobrando mais segurança para trabalhadores e clientes.
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São Paulo é o estado que lidera o ranking, com 538 ataques. Em segundo lugar aparece o Rio Grande do Sul, com 130, em terceiro a Bahia, com 112, em quarto a Paraná, com 98, e em quinto o Mato Grosso, com 91.
O primeiro semestre de 2011 apresentou maior número de casos, quando ocorreram 838 ataques, sendo 301 assaltos e 537 arrombamentos. No segundo foram verificados 753 ataques, dos quais 331 assaltos e 422 arrombamentos. Em comparação com o primeiro semestre houve uma redução de 10,1% no total de ataques.
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Os números foram apurados com base em notícias publicadas pela imprensa, consulta aos dados disponibilizados por algumas secretarias estaduais de segurança pública e informações de sindicatos e federações de bancários e vigilantes de todo país. O levantamento contou com apoio técnico do Dieese.
O levantamento foi coordenado pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, com o apoio da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT/PR) e do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região. O número de casos pode ser ainda maior devido à dificuldade de encontrar informações em alguns estados e pelo fato de nem todas as ocorrências serem divulgadas pela imprensa.
"A realização dessa pesquisa nacional é fruto de um grande esforço conjunto das entidades sindicais dos vigilantes e bancários, com o objetivo de apresentar uma radiografia da violência no sistema financeiro e contribuir para o debate com os bancos, as empresas de segurança e a sociedade, bem como para a construção do projeto de lei de estatuto de segurança privada, no âmbito do Ministério da Justiça, a fim de atualizar com avanços a lei federal nº 7.102/83", afirma o presidente da CNTV, José Boaventura Santos.
"Trata-se de mais um retrato assustador da insegurança nos bancos, que deve servir de instrumento de análise e debate sobre medidas preventivas que precisam ser adotadas para a proteção da vida de trabalhadores e clientes, visando a redução imediata das ocorrências", aponta o diretor da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.
Números superam estatística nacional da Febraban
Os números da pesquisa superam a estatística nacional da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que é restrita a assaltos, consumados ou não. Enquanto a pesquisa da CNTV e Contraf-CUT aponta 632 assaltos em 2011, a Febraban apurou 422 em 2011, uma diferença de 210 casos.
ESTATÍSTICA DE ASSALTOS A BANCOS DA FEBRABAN (2000 – 2011)
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"Lamentamos que a Febraban não faça estatística dos arrombamentos, pois esses também ocorrem em razão das instalações vulneráveis dos estabelecimentos e, mesmo sem a presença de bancários e vigilantes, geram insegurança e várias vezes provocam tiroteios e até mortes de policiais e transeuntes", destaca Boaventura.
Mas o que a estatística da Febraban comprova é a importância das portas giratórias, instaladas no final dos anos 90 após muitas lutas dos trabalhadores e aprovação de leis municipais. A experiência revela que as portas giratórias têm sido eficientes na redução dos assaltos. Em 2000 houve 1.903 ocorrências. Em 2010, o número baixou para 369, uma queda de 80,16%. Já em 2011, quando alguns bancos retiraram portas giratórias, foram apurados 422 assaltos, um crescimento de 14,36%.
"É importante garantir a instalação de portas giratórias, por meio da aprovação de leis municipais e estaduais", salienta o diretor da Contraf-CUT. "Também queremos que esse equipamento seja item obrigatório no projeto de lei de estatuto de segurança privada, que está sendo elaborado pelo Ministério da Justiça para atualizar a lei federal nº 7.102/83", ressalta Ademir.
Pesquisa nacional sobre mortes em assaltos envolvendo bancos
Esse levantamento é mais um diagnóstico da violência, a exemplo da pesquisa nacional da Contraf-CUT e CNTV sobre mortes em assaltos envolvendo bancos, que apurou em 2011 a ocorrência de 49 assassinatos, média de mais de quatro vítimas fatais por mês, sendo 32 em crimes de "saidinha de banco".
São Paulo (16), Rio de Janeiro (9), Goiás (4), Paraná (4) e Rio Grande do Sul (4) foram os estados com o maior número de casos. Os números foram contabilizados a partir de notícias da imprensa.
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Vítimas |
2010 |
2011 |
Variação |
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nº |
% |
nº |
% |
% |
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Clientes |
12 |
52,17% |
30 |
78,95% |
150,00% |
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Vigilantes |
8 |
34,78% |
8 |
21,05% |
0,00% |
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Transeuntes |
1 |
4,35% |
6 |
15,79% |
500,00% |
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Bancários |
1 |
4,35% |
1 |
2,63% |
0,00% |
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Policiais |
1 |
4,35% |
4 |
10,53% |
300,00% |
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Total |
23 |
100,00% |
49 |
128,95% |
113,04% |
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Elaboração: DIEESE – Subseção Contraf-CUT
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A pesquisa também aponta crescimento de 113,04% das mortes em relação a 2010, quando foram contabilizados 23 óbitos no período. As principais vítimas foram clientes (30), vigilantes (8), transeuntes (6), policiais (4) e bancário (1).
Trabalhadores querem prioridade para segurança
Para o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, João Soares, "esses ataques refletem, sobretudo, a carência de investimentos dos bancos para prevenir assaltos e sequestros". Segundo dados do Dieese, os cinco maiores bancos que operam no país apresentaram lucros de R$ 50,7 bilhões em 2011. Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$ 2,6 bilhões, o que significa 5,2%, em média, na comparação com os lucros. "Isso só mudará quando os bancos tratarem os gastos em segurança como investimento e não como custo", observou.
"Os bancos precisam fazer a sua parte, colocando mais equipamentos de prevenção nas suas unidades, assim como os estados precisam melhorar a segurança pública, com mais policiais e viaturas nas ruas e ações de inteligência, dentre outras medidas", salienta o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Otávio Dias.
"Os bancos cuidam mais da imagem e da estética das unidades e investem milhões de reais em marketing, enquanto tratam com descaso a segurança dos estabelecimentos", explica Otávio. Isso pode ser comprovado com as multas aplicadas pela Polícia Federal nas reuniões da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP) da Polícia Federal (PF). Em 2011, os bancos foram multados em mais de R$ 6 milhões por descumprimento da lei federal 7.102/83 e de normas de segurança.
As principais infrações dos bancos foram a ausência de plano de segurança aprovado pela PF, número insuficiente de vigilantes e alarme inoperante, dentre outros itens.
"Com todos esses números, vamos continuar levando aos vereadores o modelo de projeto de lei municipal, lançado pela CNTV e Contraf-CUT, para melhorar a estrutura de segurança dos estabelecimentos e garantir a privacidade dos clientes para combater o crime da ‘saidinha de banco’", aponta o presidente da Fetec-CUT/PR, Elias Jordão.
Carência de investimentos dos bancos
Conforme estudo feito pelo Dieese da Contraf-CUT, com base nos balanços publicados de janeiro a setembro de 2011, os cinco maiores bancos lucraram R$ 37,9 bilhões e destinaram R$ 1,9 bilhão em despesas com segurança e vigilância. Na comparação com os números de 2010, constata-se uma queda de 5,45% para 5,20% na relação entre o lucro e os gastos com segurança.
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"Esses dados comprovam tecnicamente o que observamos há muito tempo: os bancos não priorizam a vida das pessoas, pois gastam muito pouco com segurança em comparação com os seus lucros estrondosos", salienta Ademir.
"Está na hora de os bancos tratarem as despesas de segurança e vigilância como investimentos, colocando a vida das pessoas em primeiro lugar, a fim de acabar com essas mortes em assaltos, que também deixam inúmeros feridos e traumatizados", aponta Boaventura.
"Os estabelecimentos não podem continuar vulneráveis, expondo ao risco a vida das pessoas, especialmente clientes e trabalhadores, que acabam sendo vítimas de assaltantes cada vez mais atrevidos, aparelhados e explosivos", enfatiza o diretor da Fetec-CUT/PR, Carlos Copi.
Propostas dos vigilantes e bancários
– Porta giratória com detector de metais antes da sala de autoatendimento com recuo em relação à calçada onde deve ser colocado um guarda-volumes com espaços chaveados e individualizados;
– Vidros blindados nas fachadas;
– Câmeras de vídeo em todos os espaços de circulação de clientes, bem como nas calçadas e áreas de estacionamento, com monitoramento em tempo real e com imagens de boa qualidade para auxiliar na identificação de suspeitos;
– Biombos ou tapumes entre a fila de espera e a bateria de caixas, com o reposicionamento do vigilante para observar também esse espaço junto com a colocação de uma câmera de vídeo, o que elimina o risco do chamado ponto cego;
– Divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos.
– Atendimento médico e psicológico para trabalhadores e clientes vítimas de assaltos, sequestros e extorsões;
– Acesso ao autoatendimento das agências fora do horário de expediente somente com cartão eletrônico;
– Escudos e assentos no interior das agências e postos de atendimento para os vigilantes;
– Instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros;
– Maior controle e fiscalização do Ministério do Exército no comércio de explosivos.
Isenção de tarifas de transferência de recursos
Os trabalhadores ainda defendem a isenção das tarifas de transferência de recursos (DOC, TED, ordens de pagamento, etc) como forma de desestimular os saques que muitos clientes efetuam para não pagarem tarifas.
"Essa medida, se implantada, reduzirá a circulação de dinheiro na praça e evitará que clientes sejam alvos de assaltantes e vítimas de ‘saidinha de banco’", destaca Coppi. A proposta foi levada há quase um ano pela Contraf-CUT para discussão com a federação dos bancos, mas não foi adotada por nenhum banco até agora.
Fonte: Contraf-CUT