O dia 25 de junho é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Infelizmente. No Brasil, é também Dia de Tereza de Benguela, líder quilombola que se tornou rainha, resistindo bravamente à escravidão por duas décadas.

Segundo o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49,5% das mulheres se consideram pretas e pardas. Apesar do grande número, elas têm muito pouco a comemorar. A data serve como um reforço na luta no combate à violência, pelo acesso à saúde, à educação e nos espaços de poder.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, a mortalidade materna na mulher negra tem aumentado nos últimos anos, ao contrário do observado na média da brasileira. Cerca de 60% dos óbitos maternos registrados no País são de pretas ou pardas. O principal motivo de morte materna entre mulheres negras é a hipertensão, seguida de hemorragia.

Em 2016, a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 – recebeu 140 mil relatos de violência. Desse total, 60,53% das vítimas são mulheres declaradas negras (pretas e pardas). O Mapa da Violência 2015, elaborado pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso), aponta um aumento de 54% em dez anos no número de mortes violentas de mulheres negras, passando de 1.864, em 2003 para 2.875, em 2013.

O único dado positivo, que ainda é muito pequeno, é que as mulheres têm aumentado a matrícula nos cursos de ensino médio. E as mulheres negras têm acompanhado essa tendência, passando de pouco mais de 700 mil em 2007 para mais de 1,4 milhão em 2013.

História da data

Em abril de 2014 a Câmara dos Deputados, aprovou a proposta do Senado que institui o dia 25 de julho como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Foi aprovada também, a inclusão, no calendário comemorativo brasileiro o 25 de julho Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Com esses projetos de lei aprovados, o Brasil reafirma a importância da data que foi instituída no calendário feminista no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, que aconteceu em 1992, na República Dominicana.

Iniciativas como estas vêm ao encontro da necessidade do reconhecimento da história das mulheres negras que estiveram no centro das lutas e movimentos sociais e culturais. Pouco se conhece sobre nossas heroínas negras: Dandara, Luíza Mahin, Carolina Maria de Jesus, Mãe Menininha, Laudelina Mello, Tereza de Benguela e tantas outras.

Quem foi Tereza de Benguela

Tereza de Benguela é considerada uma grande guerreira mato-grossense e símbolo da resistência negra no Brasil colonial. Uma liderança quilombola que viveu no século XVIII, companheira de José Piolho, que chefiava o Quilombo do Quariterê, nos arredores de Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso.

Quando José Piolho morreu, Tereza assumiu o comando daquela comunidade quilombola e liderou levantes de negros e índios em busca da liberdade revelando-se uma grande líder.

Apesar da pouca representatividade na história oficial do país, Tereza é comparada ao líder negro Zumbi dos Palmares, a “Rainha do Pantanal” do período colonial. Sobreviveu até 1770 e não se sabe ao certo como morreu, mas morreu lutando.

Fonte: Contraf-CUT