Para o secretário de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles, a data também é de luta contra as condições de trabalho adversas que estão na origem dessa tragédia social. “Este 28 de abril não pode ser como em outros anos, pois enfrentamos uma crise sanitária que está levando os sistemas de saúde ao limite com milhares de mortes. Temos que denunciar a ofensiva contra os direitos dos trabalhadores vinda do governo e legislativo que alimenta a possibilidade de mortes, doenças e acidentes com a diminuição da necessária proteção social e na execução do trabalho”, disse.
Segundo dados do Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, o Brasil registra uma morte por acidente do trabalho a cada 3 horas e 40 minutos. Já os acidentes de trabalho ocorrem a cada 49 segundos, dados que, de acordo com Mauro Salles, estão aquém da realidade devido à grande subnotificação.
Os dados de adoecimento causado pelo trabalho na categoria bancária também são preocupantes. Os bancos são responsáveis por 15% do total de afastamentos em todos os setores por doenças com causas mentais e comportamentais. “O aumento na proporção de afastados relacionados a doenças mentais e psíquicas deve-se ao modelo de gestão, implementado pelos bancos, que favorece práticas de assédio moral e maior violência psicológica, visando o cumprimento de metas cada dia mais elevadas, maior pressão, controle e aumento da competitividade entre seus trabalhadores”, explicou o secretário de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da Contraf-CUT.
Bancários na pandemia do coronavírus
“Os bancários cumprem um importante papel durante a pandemia causada pelo coronavírus. Eles atendem a população necessitada com coragem e presteza. Mais uma vez a realidade deixa clara a importância do serviço público, em especial os bancos públicos, que é quem socorre a sociedade quando mais precisa”, disse Mauro Salles. Porém, mesmo num momento, no qual os bancários arriscam as suas vidas e mostram a importância de seu trabalho para a sociedade, os banqueiros continuam com a cobrança de metas aos trabalhadores.
“Nem no período da pandemia os bancos sossegam. As pressões por resultado continuam elevadas sendo cobradas metas impossíveis de serem executadas pois a atividade econômica está em colapso. Isso têm gerado a exposição dos colegas à riscos, mostrando a insensibilidade dos bancos onde o que importa são os resultados e a vida das pessoas são colocadas em segundo plano”, revelou o secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT.
Neste momento, o movimento sindical redobra sua luta para garantir segurança e prevenção contra a doença no ambiente de trabalho. “Seguimos trabalhando para enfrentar esta crise sanitária fazendo o que melhor sabemos: defender a classe trabalhadora, denunciando o que seja preciso e exigindo o cumprimento das normas legais principalmente durante a pandemia. Trabalhamos a cada dia para garantir a proteção de todos e, acima de tudo exigindo respeito às pessoas com uma gestão humanizada onde a o ser humano esteja em primeiro lugar”, finalizou,
Origem da data 28 de abril
No dia 28 de abril de 1969, uma explosão numa mina no estado norte-americano da Virginia matou 78 mineiros. Em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu a data como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.