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assembleia30anos.jpgMilhares de bancários perderam o emprego em prol da luta pela redemocratização do país – Augusto Campos, Luiz Gushiken, Tita Dias, Gilmar Carneiro são apenas alguns dos nomes que ficaram famosos e fizeram história ao retomar o Sindicato dos Bancários para a categoria em plena ditadura militar, em 1979. Mas, por detrás dessa história, existem milhares de heróis anônimos que sacrificaram, inclusive, suas carreiras no banco em prol da luta dos trabalhadores e pela redemocratização do país.

"Infelizmente, muitos bancários perderam seus empregos para conseguir retomar o Sindicato dos Bancários", lembra o funcionário do Banco do Brasil Vitor Benda, que integrou a diretoria do Sindicato eleita em 1979. Segundo ele, os bancários dos bancos públicos ainda tinham alguma segurança no emprego, mas os funcionários das instituições financeiras privadas eram demitidos apenas por participar das assembléias do Sindicato.

"O pessoal dos bancos privados foi perseguido pelas empresas e muitos foram demitidos e nunca mais arrumaram emprego no setor. Muita gente de coragem enfrentava os gerentes e participava de passeatas e manifestações, mesmo sabendo que estaria na rua no dia seguinte. Era comum os militares participarem infiltrados em nossas assembléias para depois mandar a lista de presença para os bancos. O medo era constante, muita gente nem assinava a lista para não perder o emprego", lembra.

Vitor Benda conta que a punição nos bancos públicos era mais amena. "No máximo mandavam o bancário para o interior. Eu mesmo fui punido pelo Banco do Brasil e fiquei impedido de fazer concurso interno. Só fui absolvido pela lei de anistia", diz.

Além dos bancários anônimos que foram heróis, Benda lembra que um grupo de profissionais composto por advogados, sociólogos e jornalistas também foi de extrema importância para assessorar os novos dirigentes e ajudar na construção do Sindicato. "São pessoas de quem pouco se fala, mas que sem elas o Sindicato não seria o que é hoje", destaca.

Primeiros anos – Assim que assumiram a direção, os bancários encontraram um Sindicato precário. Além da falta de estrutura, faltava aos novos dirigentes experiência para tocar a máquina. "Os primeiros dias foi aquela euforia, mas logo encontramos dificuldades. Nós tínhamos muita prática para mobilizar os bancários, mas não sabíamos muito bem o que fazer com o aparelho. O Augusto Campos, como presidente, foi quem nos acalmou para que pudéssemos aprender na prática. Ele sempre foi muito tranqüilo no trato, por isso era uma liderança muito grande", continua Vitor Benda.

A falta de experiência dos novos dirigentes também proporcionou cenas engraçadas, pelo menos hoje, 30 anos depois. "Agora já podemos rir da situação, mas na época era fogo. Eu, por exemplo, estava saindo com um grupo de uma de nossas assembléias quando uma viatura do Dops nos parou. O policial pediu que nos identificássemos. Em vez de dizer que éramos bancários, nos apresentamos como sindicalistas, na esperança de que os policiais respeitassem mais. Só que a carteirada não deu certo, fomos presos. Talvez, se tivéssemos nos identificado apenas como bancários, isso não aconteceria", lembra.

Fonte: SEEB – SP / Fábio Jammal Makhoul