Em um cenário de golpe e ataque à classe trabalhadora, atingindo principalmente a população negra no mercado de trabalho, o Coletivo de Combate ao Racismo da CUT (Central Única dos Trabalhadores), se reuniu na sexta-feira 24, em São Paulo, para debater o tema, já que notadamente este governo está fazendo todos os esforços para acabar com os avanços na questão racial desde o início do governo Lula.

O evento foi organizado pelas Secretarias de Combate ao Racismo Nacional e Estadual (São Paulo) da CUT para debater as propostas da Central para a IV Conapir (Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial) que acontece em novembro, em Brasília. Entretanto, por falta de afinidade com as pautas raciais e sociais no governo, a conferência corre o risco de não acontecer.

“O governo Temer tem estruturado sua política no corte de direitos da população e da classe trabalhadora. O desmonte do SUS, a reforma da Previdência, a reforma do ensino médio que deixa de fora a Lei 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, são metas deste governo. Portanto, precisamos intensificar a nossa luta para manter os nossos direitos e avançar por uma sociedade mais justa e igualitária, sem racismo e discriminação” afirma o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar.

A IV Conapir será precedida de várias atividades como conferências livres, a serem realizadas até 3 de abril; conferências municipais e intermunicipais, que deverão ocorrer até 6 de junho; e conferências estaduais e distrital, até 30 de agosto.

Para a secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, Júlia Nogueira, os desmontes promovidos pelo governo Temer, que aprovou nesta semana a terceirização para todo o setor da economia, vai penalizar principalmente a população negra e pobre.

“CUT e sindicatos filiados devem intensificar a luta contra o racismo e por nenhum direito a menos. Por isso, é importante essa reunião e levarmos essa discussão para os estados e municípios”, alertou Júlia.

Década dos Afrosdescendentes – Durante o encontro, em São Paulo, a representante do Grupo de Especialistas Eminentes da ONU (Organizações das Nações Unidas) da Conferência de Durban, Edna Maria Santos, falou do processo de escravidão e da importância da década.

“O processo de escravidão tem essa especificidade, para que isso fosse realizado na proporção que foi, ele precisava negar a humanização da vítima para que fosse transformado em mercadoria”.

De acordo com Edna, a escravidão está na base do capitalismo. “Sem o tráfico de escravo não teria o chamado acumulo do capital. É claro que isso começa com o capitalismo”, reiterou.

Fonte: CUT