A CUT está comprometida com as lutas das mulheres por salários iguais, fim do assédio moral nos locais de trabalho, convenção das responsabilidades compartilhadas, como fim da violência contra a mulher
Neste 8 de Março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, e a secretária nacional da Mulher Trabalhadora, Juneia Batista, assinam artigo no qual destacam a importância das conquistas das mulheres e a vitória de toda a classe trabalhadora brasileira ao eleger Luiz Inácio Lula da Silva presidente, mas em especial, para as mulheres, que derrotaram um homem que odeia mulheres. A seguir, a íntegra.
8 de março 2023 entra à história após derrota de um presidente que odeia mulheres
O 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, entrará à história neste 2023 porque vem na esteira da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, que, ao ser eleito presidente da República, com maioria feminina de votos, colocou fim a um período tenebroso inaugurado com o golpe de 2016 e aprofundado por um governo de ultradireita, tendo à frente um presidente misógino, que ataca e odeia as mulheres como nenhum outro na história recente deste país. As mulheres são maioria do eleitorado brasileiro (52,65%).
No rastro de uma destruição generalizada, durante quatro anos, o governo derrotado destruiu grande parte das políticas públicas conquistadas pelas mulheres e implementadas pelas gestões de Lula e Dilma. A nossa luta nunca esmoreceu. Resistimos, seguimos e mostramos a força das mulheres e do movimento sindical, que agora retomam espaços confiscados por brancos, ricos e conservadores que reinaram no governo até dezembro de 2022.
Vemos no retrovisor dessa história recente que os casos de violência contra mulheres e feminicídio explodiram desde 2017, segundo várias pesquisas e mapas da violência. Em 2022, a cada dia, quatro mulheres foram assassinadas pelo simples fato de serem mulheres, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança.
Quando escapam da violência, do assédio e da falta de políticas públicas, as mulheres enfrentam o desemprego e o trabalho precarizado, que atingem em maior escala as trabalhadoras. É um problema mundial, como atesta estudo da OIT (Organização Internacional do Trabalho), divulgado na semana passada, no qual é revelado que 15% das mulheres em idade produtiva em todo o mundo gostariam de trabalhar, mas não têm emprego, em comparação com 10,5% dos homens.
No Brasil, enquanto a taxa de desemprego foi de 6,5% para os homens no trimestre encerrado em dezembro, houve um resultado de 9,8% para as mulheres, conforme Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada na semana passada, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). À mulher negra, essa situação é ainda pior.
As mulheres seguem sendo minoria na força de trabalho, mas maioria entre os desempregados, enfrentam maiores taxas de subocupação e de desalento, têm salário, em média, 21% a menor do que os dos homens para exercer a mesma função (Dieese/2023). Isso num contexto em que que a maioria dos domicílios no Brasil é chefiada por mulheres: dos 75 milhões de lares, 50,8% (38,1 milhões de famílias) têm liderança feminina.
Neste 8 de Março, o presidente Lula (que criou o Ministério das Mulheres) anunciará um pacote de medidas voltadas especificamente para as mulheres. Essas medidas são resultado da nossa luta incansável e é nossa responsabilidade garantir que essas políticas alcancem todas as mulheres, em todo o território nacional, porque de nada adiantará o Estado fazer a sua parte senão fizermos a nossa. Devemos nos dedicar à divulgação e acompanhamento da implementação dessas políticas, torná-las ainda mais abrangentes e efetivas.
A nossa Central está comprometida com as lutas das mulheres, para garantir salários iguais em mesmas funções; fim do assédio moral nos locais de trabalho (Convenção 190 da OIT); a convenção das responsabilidades compartilhadas, como fim da violência contra mulher, entre outras questões que afetam a vida das mulheres e meninas de todo o país.
Destacamos ainda que o 8 de março de 2023 se reveste de grande magnitude porque é a primeira vez que a data será celebrada nas ruas de todo o país, nesse novo normal, após a pandemia que tirou a vida de quase 700 mil brasileiros e brasileiras.
Uma pandemia que teve impacto desproporcional sobre as mulheres nas Américas e do Brasil, contribuindo para o aumento da desigualdade de gênero na saúde, segundo revelaram vários estudos, entre eles o relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (2022), cujo relatório destaca que a desigualdade de gênero é uma crise social, econômica, política e de saúde, que foi exacerbada pela pandemia.
Por isso é importante, neste 8M, destacar mais uma vez as trabalhadoras na saúde, em especial que atuam no SUS (Sistema Único de Saúde), que conseguiu evitar que o caos sanitário instalado no Brasil por um governo negacionista e incompetente fosse ainda maior e fizesse mais vítimas. Compondo a grande maioria dos profissionais de saúde, as mulheres estiveram na linha de frente, cuidando de pacientes, e representaram 72% de todos os casos de COVID-19 entre profissionais de saúde nas Américas.
Sabemos que vencemos apenas uma batalha e que a luta é longa e árdua e para isso e por tudo isso estamos unidas.
Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT
Juneia Batista, secretária nacional da Mulher Trabalhadora
08 de março de 2023