Após atividades em agências e departamentos bancários de todo o país, categoria irá às redes para ampliar alcance das manifestações; mesmo com lucros e rentabilidade exorbitantes, bancos querem impor perdas aos trabalhadores
Nesta terça-feira (27), o Comando Nacional dos Bancários volta à mesa com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), para a 9ª rodada de negociações dea renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
“Nossa expectativa é que os bancos entreguem uma proposta que respeite às reivindicações das bancárias e bancários. Ao contrário da proposta vergonhosa que foi nos apresentada na última mesa, de perda real de 0,57% no reajuste salarial”, destaca a coordenadora do Comando e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
Em paralelo aos encontros, a categoria segue se manifestando nas agências e departamentos bancários e nas redes sociais. “O objetivo é reforçar as mobilizações não apenas no ambiente de trabalho, mas também no digital, porque ampliamos o alcance para a sociedade sobre as pautas da categoria. Com essa estratégia, aumentamos a divulgação de dados reais e que embasam a campanha nacional das bancárias e bancários por reajuste real nas remunerações. Também reivindicamos o fim da gestão por metas abusivas e que tem elevado o adoecimento dos trabalhadores no setor; proteção do emprego bancário; e fim das contratações fraudulentas travestidas de terceirizações, que são alguns pontos da nossa campanha”, completa Juvandia Moreira.
Até o momento, os bancos não apresentaram proposta de aumento real na remuneração da categoria nas mesas de negociação, baseando-se em um discurso de falsa insegurança no mercado financeiro, argumento rebatido pelo Comando Nacional dos Bancários.
“Dos quase 8.900 setores que já fizeram negociações salariais no país, neste ano, 86% tiveram aumento real e vários deles convivem com concorrência e possuem lucros e rentabilidade muito inferiores aos do setor bancário que, disparadamente, apresenta os maiores lucros e rentabilidade. A categoria, que é responsável pelos resultados dos bancos, merece respeito”, pontua Juvandia Moreira.
Mobilização nas ruas e nas redes
Nessa segunda, trabalhadores realizaram as ações nas agências e departamentos bancários. Em algumas localidades, unidades foram fechadas ou tiveram a abertura retardada. Clique aqui para ver a galeria de imagens.
Na terça (27), será a vez das ações se concentrarem nas redes sociais. “A orientação é que todas e todos utilizem nas postagens a hashtag #MerecemosRespeito, sempre marcando a Febraban: @febraban_oficial se as postagens forem no Instagram, e @febraban se forem no X (ex-Twitter)”, explica o secretário de Comunicação da Contraf-CUT, Elias Jordão.
Na última ação de rede, realizada em 20 de agosto, os bancários alcançaram o 2º lugar nos assuntos mais falados no X do Brasil, totalizando mais de 1.400 milhão de alcances no dia, segundo o monitoramento da BrandMentions.
Dados do setor
– Em 2023, os bancos tiveram lucro de R$ 145 bilhões no país. Estamos falando de lucro, já descontado impostos, provisões, gastos com funcionários e equipamentos;
– No 1º semestre de 2024, o lucro dos cinco maiores bancos foi de R$ 60 bilhões, aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2023;
– No Brasil, os bancos têm rendimento médio de 15% ao ano acima da inflação. A título de comparação, os bancos dos Estados Unidos têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na Espanha 10% e na Inglaterra 9%;
– Ainda que representem 10% das instituições financeiras do Brasil, os bancos têm resultado nove vezes maior que as instituições de pagamento, respondendo por 71% do lucro produzido no setor financeiro, sem contar que muitos bancos são detentores de instituições de pagamento;
– Além disso, os bancos detêm 82% do mercado de crédito do país e 81% dos ativos do mercado financeiro brasileiro;
– Por outro lado, no último ano, 2023, os bancos tradicionais encerraram mais de 2 mil postos de trabalho, enquanto em todo o sistema financeiro, do qual os bancos fazem parte, está havendo o aumento de empregos.
Reivindicações da categoria
– Reajuste salarial que corresponda à reposição pelo INPC acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido do aumento real de 5%;
– Melhoria nos percentuais da Participação nos Lucros e Resultados (PLR);
– E melhorias nas demais verbas, incluindo tickets alimentação e refeição, auxílio creche e auxílio babá.
Os trabalhadores reivindicam ainda:
– Fim da gestão por metas abusivas, que tem gerado adoecimento na categoria;
– Reforço aos mecanismos de combate ao assédio moral e sexual;
– Direito à desconexão fora do horário de trabalho;
– Direitos para pessoas com deficiência (PCDs) e neurodivergentes;
– Suporte aos pais e mães de filhos com deficiência;
– Mais mulheres na TI;
– Combate à terceirização e garantia de empregos;
– Jornada de trabalho de quatro dias;
– Ampliação do teletrabalho.
Fonte: Contraf-CUT