O Brasil é o país que mais mata travestis e mulheres trans no mundo, de acordo com pesquisa do instituto TransEurope. Sendo assim, toda a população LGBT fica vulnerável a tamanha violência. Infelizmente os dados são alarmantes. A cada 36 horas um LGBT é assassinado no Brasil.

E no mundo do trabalho a situação continua emblemática, 90% das travestis brasileiras estão fora do mercado de trabalho formal, de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).

A primeira necessidade do LGBT trabalhador, portanto, é a de sobreviver. Caso consiga superar a idade média de 36 anos atribuída a esta população, a segunda necessidade básica é a de acessar o mercado de trabalho formal. Quando o LGBT passa a se tornar trabalhador formal, um outro conjunto de discriminações tem início. A pressão para que o LGBT não assuma sua identidade de gênero e/ou orientação sexual no local de trabalho, os riscos de “sair do armário”, a violência, a perseguição, o assédio moral, a falta de oportunidade em ser valorizado e o desrespeito são apenas alguns exemplos.

O caso, internacionalmente repercutido, do gerente bancário recentemente demitido por compartilhar no seu perfil do Facebook um vídeo com o seu namorado e a atuação imediata do deu sindicato, neste contexto, ilustram com exatidão a importância e o timing político que a questão LGBT suscita. Além disso, no Brasil, trata-se de uma população que vem sido crescentemente perseguida por políticos que buscam emplacar uma agenda conservadora por meio de alianças espúrias que convergem em ideais reacionários de sociedade. As conquistas garantidas a esta população, se já não são muitas, estão em risco de serem retiradas por completo atualmente.

Cada dia que passa é como se fosse uma eternidade para toda a população de lésbicas, gays, travestis e transexuais, mulheres trans e homens trans. Cada dia que se chega ao fim é motivo de comemoração, “só por hoje, sobrevivemos”. Estamos em uma luta incessante para garantir direitos e conquistar outros ainda não alcançados. São mais de quarenta anos em busca da cidadania plena LGBT. Sabemos o quanto é difícil mudar uma sociedade enraizada no patriarcado e no conservadorismo. E na situação atual, lutamos contra uma bancada fundamentalista no Congresso e um governo golpista que retiram direitos e garantias desta população. Infelizmente, o PL 122, de criminalização da Lgbtfobia, foi arquivado. Esse mesmo setor é responsável pela perigosa união entre Estado e religiões. A luta pelo Estado laico é fundamental para avançar rumo a um país que viva sem afrontar e humilhar os LGBTs.

Em período recente, algumas capitais continuam nas páginas policiais. E jovens gays são violentados e mortos país afora. Militantes voltaram às ruas para clamar por justiça, pedir apuração adequada desses casos sem solução e exigir do poder público a criminalização da homofobia.

O Dia Internacional de luta contra a LGBTfobia é comemorado sempre no dia 17 de maio. A data foi escolhida lembrando a data da exclusão da Homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados com a Saúde (CID) pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no dia 17 de Maio de 1990, e oficialmente declarada em 1992.

As datas marcadas para lembrar a luta contra toda forma de preconceito e discriminação, contra a violência, a exclusão e a morte continuarão fundamentais enquanto não fazermos valer o Estado laico em nosso país, enquanto não houver legislação que puna os crimes de ódio contra a população LGBT. Enquanto não construirmos uma visão comum na sociedade, de igualdade e respeito às diferenças muitos dos LGBTs ainda irão tombar. Paradas, beijaços, manifestações, caminhadas e atos. Em 2017, continuaremos na luta e nas ruas para barrar este retrocesso.

Precisamos intensificar e promover ações afirmativas para superar de vez tanta violência e desigualdade:

. Pelo desarquivamento do PL 122 – criminalização da homofbia.

• Proteção da população LGBT no local de trabalho

 • Inclusão de LGBTs no mercado de trabalho

• Discriminação e violência •

Garantia e retirada de direitos fundamentais para a população LGBT.

* Adilson Barros é da Executiva da Contraf-CUT e militante LGBT RJ/SP.

Fonte: Contraf-CUT