Sindicato protesta em agência da Caixa contra retirada dos direitos trabalhistas e desmonte dos bancos públicos

São Paulo – No mesmo dia em que a reforma trabalhista está prevista para ser votada pelos senadores, o Sindicato deflagrou protesto em frente a uma agência da Caixa localizada em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, para denunciar à população o desmonte dos direitos garantidos pela atual legislação que o governo Temer e o Congresso Nacional querem impor à população.

A proposta em tramitação no Senado altera mais de 100 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho e vai permitir, dentre outros retrocessos, o fim da incorporação de função no salário; o trabalho intermitente (empregado fica à disposição do patrão, mas só recebe pelo período que efetivamente trabalhar); demissão em massa.

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“Deixamos claro que essas mudanças não vão criar novos empregos, como o governo e a imprensa alegam. Vão precarizar os postos de trabalho já existentes e baratear a mão de obra, beneficiando apenas os patrões”, afirma o dirigente sindical e empregado da Caixa Chico Pugliesi. “E afirmamos isso com segurança porque nos baseamos em estudos de universidades renomadas como Unicamp e declarações de organismos globais, como a Organização Internacional do Trabalho”, acrescenta o dirigente.

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O protesto realizado nesta terça-feira 11 também enfatizou a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento econômico, social e para o bem estar da população.  A Caixa, por exemplo, foi responsável por mais de 75% do crédito imobiliário concedido à população, direcionando mais de R$ 370 bilhões para essa finalidade. Para efeito de comparação, no mesmo ano Itaú, Santander, Bradesco e HSBC responderam, juntos, por R$ 86 bilhões.

O dirigente sindical Chico Pugliesi

Outro exemplo da importância dos bancos púbicos são as taxas de juros mais baixas do que as cobradas pelos bancos privados. O volume de empréstimos subsidiados concedidos pelo BNDES a empresas de menor porte saltou de R$ 750 milhões, em 2007 (já atualizados pela inflação do período), para R$ 11,5 bilhões, em 2014.

Por meio do Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar (Pronaf), o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste (outros dois importantes bancos públicos) são responsáveis por cerca de 70% do volume de crédito concedido à agricultura familiar. Esse setor, por sua vez produz 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.

O Banco do Brasil recebeu do governo federal, em 2016, subsídios de R$ 3,5 bilhões para operar o Pronaf, que é aberto a todas as instituições. Mas apenas Banco do Brasil e BNB ofertam esse tipo de crédito, o que revela o desinteresse dos bancos privados em operações que oferecem pouco retorno financeiro.

“Se esse programa diminuir, o custo dos alimentos consumidos pelos brasileiros vai aumentar. Se os bancos públicos acabarem ou tiverem sua função reduzida, a vida das pessoas será afetada e ficará mais difícil”, afirma Chico Pugliesi. “Reforçamos isso à população que enfrentou a fila da agência Ponte Rasa e ressaltamos os danos que a reforma trabalhista e o ataque aos bancos públicos promovidos pelo governo Temer significarão para o povo brasileiro.”

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Abaixo-assinado – Durante o ato foram recolhidas da população cerca de 300 assinaturas cobrando mais contratações de bancários na Caixa. O abaixo-assinado faz parte da campanha Mais Empregados para a Caixa, mais Caixa para o Brasil.

“A Caixa e o Banco do Brasil, juntos, perderam quase 15 mil postos de trabalho em um ano. Os dois bancos geram lucro e ajudam a promover a economia do país, portanto a quem interessa a diminuição da atuação dessas instituições?”, questiona Chico Pugliesi.

População participa de abaixo-assinado cobrando mais empregados para a Caixa