Na reunião de Toronto, no sábado e no domingo, a Europa pedirá aos demais parceiros – com margens orçamentárias naturalmente – que não retirem ainda os estímulos econômicos; que sigam reprimindo a tentação ao protecionismo; e que avancem decididamente no objetivo de regular e vigiar mais de perto o mundo das finanças.
A UE, representada por seu novo presidente estável, o belga Herman Van Rompuy, e pelo presidente da Comissão Europeia (órgão executivo), o português José Manuel Durão Barroso, é membro do G20 como bloco.
Além disso, outros quatro países europeus são membros permanentes do grupo (Alemanha, França, Reino Unido e Itália). E a Espanha, que este semestre ocupa a Presidência rotativa da UE, e a Holanda participam do fórum como convidados desde a eclosão da atual crise.
Os europeus não querem que o início da recuperação econômica, visível sobretudo nos Estados Unidos e na Ásia, freie o impulso propício a uma reforma em profundidade do sistema financeiro internacional, que consideram a origem de todos os problemas.
Na semana passada, os líderes da UE deram um passo adiante aos acordos de Pittsburgh e de Londres (2009) ao se comprometerem a dirigir os esforços globais encaminhados a introduzir sistemas de taxas e impostos sobre as instituições financeiras, e a defender inclusive a criação de um imposto mundial às transações financeiras.
Por enquanto, as duas iniciativas se movimentam em um plano mais retórico e eleitoreiro do que prático, embora já exista um acordo na UE sobre o princípio de um imposto aos bancos. A Comissão Europeia apresentou recentemente algumas ideias para colocar o pacto em andamento.
Mas quando se fala de um imposto aos bancos, cada parte entende uma coisa diferente.
A ideia europeia não fala em um encargo extraordinário para recuperar o dinheiro que os Estados cederam para evitar o colapso do sistema financeiro, como é proposto pelos EUA, mas em um fundo, alimentado pelos bancos, com o qual o próprio setor faria frente a quebras futuras sem recorrer a dinheiro dos contribuintes.
Apesar da vontade de liderança na reforma financeira, a UE é consciente da fragilidade de sua posição na cena internacional.
Com os cofres públicos vazios, um crescimento fraco e um desemprego crescente, os países europeus não estão em condições, ao menos por enquanto, de pôr a economia mundial nos ombros.
Porém, se mostram satisfeitos com a determinação demonstrada na hora de pôr a casa em ordem, o que contribuiu, como afirmam, à estabilização de todo o sistema global.
No início de maio, a Europa se tornou o epicentro de um novo terremoto financeiro, como reconheceu no domingo o próprio presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, em entrevista à revista alemã "Welt am Sonntag".
O contágio da crise da dívida pública grega a outros membros da zona do euro teria sido desastroso para o mundo inteiro se os Governos e as instituições da UE não tivessem tomado medidas drásticas e, em certo ponto, corajosas.
Uma semana após decidir, em 2 de maio, pelo histórico resgate da Grécia, em uma operação conjunta com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que pôs à disposição de Atenas empréstimos no valor de 110 bilhões de euros, os europeus voltavam a se reunir.
Em 9 de maio, se encontrar para forjar um mecanismo de estabilização geral que cortasse o perigo de contágio a outros Estados da área de moeda única.
O mecanismo, constituído por empréstimos e garantias, mobilizará, caso necessário, a impressionante soma de 750 bilhões de euros.
Em contrapartida, os dois países mais prejudicados pelos especuladores, Espanha e Portugal, aceitaram lançar drásticos planos de ajuste para acelerar a redução do déficit público e anteciparam reformas estruturais pouco populares.
Em sua última cúpula, os líderes da UE deram outro passo para a estabilização e a reforma da economia europeia, com a decisão de publicar os testes de solvência feitos em seus bancos e a adoção de uma nova estratégia pelo crescimento e o emprego para esta década.
Fonte: EFE – José Manuel Sanz