· Queda do lucro líquido de 87,8% passando de R$ 215,9 milhões em 2008 para R$ 26,3 milhões em 2009.
· Receitas de intermediação financeira caem 14,4%, passando de R$ 831,3 milhões para R$ 711,6 milhões.
· As despesas de intermediação sobem de R$ 483,5 milhões para 493,4 milhões, variação de 2%. Assim, o resultado bruto da intermediação caiu de 37,2%, de R$ 347,8 milhões para R$ 218,2 milhões.
· Patrimônio líquido cresceu 0,6% de R$ 1,885 bilhões para R$ 1,897 bilhões
· Carteira de crédito caiu de R$ 1,93 bilhões para R$ 1,87 bilhões.
· Provisão para inadimplência cresceu 68,2% de R$ 105,6 milhões para R$ 177,6 milhões.
· O montante de parcelas vencidas (inadimplência) passou de R$ 218,8 milhões para R$ 262 milhões, aumento de 20%.
Avaliação da AEBA
Mantendo os vícios de suas origens (o BB, megabanco comercial), a atual direção do Banco da Amazônia insistiu em subverter a missão de nossa instituição, como, aliás, confessa na recente publicação do balanço anual de 2009.
Depois de se referir à necessidade das organizações em se renovarem continuamente para atender às necessidades do mercado e enfrentarem a concorrência, ali se declara que, a estratégia eleita pelo Banco da Amazônia, consistiu em efetuar "uma profunda reestruturação em seu modelo de atuação, a qual determinou a adoção de Novo Modelo de Negócios, cujo principal pilar é o modelo comercial".
Como os empregados do Banco sabem, esse projeto incluiu uma reestruturação envolvendo: trocas de funções de maneira injusta; metas inatingíveis que trouxeram um estado de estresse permanente ao pessoal; afronta à legislação trabalhista pela prorrogação da jornada de trabalho além das oito horas diárias; assédio moral e um profundo desalento ao quadro de trabalhadores.
E a que isso conduziu?
Mas bem antes, em várias edições de seu jornal, a AEBA instou a direção do Banco a focar os esforços da empresa no seu segmento desenvolvimentista, missão que lhe foi atribuída desde suas origens e de acordo com as necessidades da Região, já visualizando o perigo da derrapagem para o lado comercial.
No último ENEB, realizado em maio de 2009, essa preocupação foi explicitada, literalmente, em palestra efetuada na presença de dirigentes do Banco, quando afirmamos "O perfil de priorização da estrutura de banco comercial está fadado a tornar a instituição um mero competidor de Terceira Divisão no mercado, dada à notória escassez de recursos financeiros e de infra-estrutura, além de nada acrescentar ao desenvolvimento regional, visto que se estaria tentando capturar clientes da área comercial de outros bancos, inclusive do BB e da CEF.".
A direção do Banco da Amazônia fez ouvidos de mercador e tocou em frente o projeto comercial. Quis dar um cavalo de pau na missão desenvolvimentista da instituição. O resultado está estampado no relatório 2009, que publica o balanço do banco da Amazônia.
Novo modelo de negócios se mostrou um verdadeiro fiasco.
Por que o rumo adotado não era o melhor para o Banco da Amazônia?
A publicação do Relatório de 2009 deu total razão à AEBA. Foi triste constatar a tentativa do Banco em desviar o foco dos leitores em relação aos números. Com efeito, a primeira página da publicação, inteira, ignora esses dados, pela primeira vez, diga-se.
Trata de aspectos sociais, culturais e ambientais de ações da organização, como se ali não se cuidasse das demonstrações contábeis de uma empresa, as quais só surgem nas páginas posteriores, quando o entediado leitor, com a vista cansada pelo exercício da leitura de letras miúdas, possivelmente desistiu de prosseguir na leitura da peça.
Mas, é aí que os números demonstraram o fiasco do tal Novo Modelo de Negócios, comprovando nossa tese de que, no altamente competitivo sistema financeiro nacional, onde se digladiam os gigantes, essa estratégia de jogar no mesmo estilo dos concorrentes é desastrosa.
Por sinal, o Marketing de Guerra ensina que, quando a empresa nem é a líder e nem tem condições de desafiar os líderes, as táticas que lhe restam são: as do flanqueamento e da guerrilha, procurando-se ocupar espaços focados nos quais os gigantes não têm interesses de atuar. É o caso da missão desenvolvimentista em área periférica. Esse deveria ser o nosso foco, o nosso target.
Os dados publicados sobre 2009 são comprobatórios. O PL da empresa mostrou um crescimento pífio de 0,6% – menos do que a variação do IPCA.
A carteira de crédito (exclusive o FNO) apresentou queda nominal de 3% e o resultado bruto da intermediação financeira despencou em nada menos do que 37%. As maiores perdas relativas situaram-se nas operações de câmbio (-37%) e Títulos e Valores Mobiliários (-14%).
E, o gráfico exposto nas demonstrações sobre o Lucro Líquido, é desanimador para a tal filosofia do "Novo Modelo de Negócios, cujo principal pilar é o modelo comercial". R$ 26.300 mil no ano, contra R$ 215.850 mil em 2008. Isso significa uma redução nominal de82%, ou seja, o lucro líquido de 2008 foi 8,2 vezes maior do que o de 2009.
Que desastre! Não dá nem pra por a culpa nas Despesas de Pessoal, que evoluíram de apenas 2%.
Também não se pode debitar o péssimo desempenho à crise financeira global, pois, no primeiro semestre do ano (auge da crise) houve superávit, enquanto que, no segundo, quando a economia nacional foi relançada, o nosso Banco registrou prejuízo de R$ 17.641 mil.
Essa crise, é bom ressaltar, no sistema financeiro atingiu o Banco da Amazônia, mas não os seus congêneres (oficiais federais). Deixando de lado o BB, que obteve em 2009 o seu recorde em termos de lucro, o BNB teve nesse exercício superávit de R$ 459 milhões (R$ 325,1 milhões no segundo semestre), contra R$ 421,0 milhões em 2008: incremento anual no lucro líquido da ordem de 9%. Pudera: suas aplicações evoluíram positivamente em 51% em relação ao ano anterior.
O patinho feio rejeitado – a área desenvolvimentista – cobrou caro essa preferência pelo "Novo Modelo de Negócios, cujo principal pilar é o modelo comercial". Os recursos a alocar do FNO aumentaram, de R$ 508,5 milhões (em 2008) para R$ 1.228,8 milhões (em 2009): 153,5% a mais. Enquanto isso, os recursos alocados no ano foram de apenas R$ 455,7 milhões: menores em 51,5% do que os R$ 940,5 milhões alocados em 2008.
O resultado do citado Fundo, em 2009 foi negativo em R$ 9.963 mil – contra um superávit em 2008 de R$ 99.731 mil, isso porque a queda observada nas suas Despesas (de R$ 709,6 mil em 2008 para R$ 625,4 mil em 2009) não foi suficiente para compensar a involução em suas Receitas (de R$ 809,3 mil em 2008, para R$ 615,5 mil em 2009).
Esse triste panorama, confirma a tese da AEBA: o Banco da Amazônia deve priorizar sua função desenvolvimentista, pois essa é a sua missão, qual seja, a de alavancar o crescimento econômico da Região – e isso se faz com crédito de fomento (no caso de áreas periféricas, em condições especiais, usando-se os recursos baratos como o FNO e outros), não com ação comercial, ainda mais em um ambiente em que não se dispõem de instrumentos e de fôlego para competir com os players.
Pra onde vai o lucro e o que fazer?
Como indaga o poema e a célebre canção: "E agora, José?" Para onde vai esse lucro?
As demonstrações apontam para uma distribuição de juros sobre o capital próprio aos acionistas da ordem de R$ 27.651 mil, ou seja, superior ao lucro líquido obtido, o que só será possível com a realização de parte das Reservas de Reavaliação na ordem de R$ 2.660 mil, pois do resultado líquido ainda se tem que apartar, antes, a Reserva Legal de 5%.
De novo, o alerta de todos os empregados e entidades sindicais presentes ao ENEB, no em 2008: "O Banco da Amazônia só será distinguido, querido, defendido e lembrado pelos amazônidas de verdade, se exercer a sua verdadeira missão: estimular e apoiar um real processo de desenvolvimento endógeno sustentável e includente para a Região. O resto é clone, em escala mirim e nanica. Isto a sociedade regional não necessita – e não quer!".
É necessário retomar a missão desenvolvimentista do Banco da Amazônia e está passando da hora a união de todas as entidades da sociedade civil para que se dê um norte ao Banco da Amazônia. Próximo de seus 68 anos de existência, é vital ao banco da Amazônia a adoção de outros rumos que não só a aposta na área comercial. Insistir nessa barca furada só vai tornar o banco inexpressivo que já é, aliás, além de descaracterizar o banco da Amazônia como agente financeiro de desenvolvimento regional.
O cavalo-de-pau na missão do banco da Amazônia não deu certo, ainda dá tempo de corrigir, mas essa mudança de rumo precisa ser feita agora. E precisa de todas as vozes fazendo barulho no ouvido da atual direção sobre o rumo errado tomado.
A AEBA já vem cumprindo esse papel de demonstrar os cenários de erro. Agora, o cenário virou realidade e precisa mudar. Já, antes que o resultado de 2010 mostre que esse ensaio desastrado era só a ponta do iceberg.
Fonte: AEBA