O Agricultural Bank of China (AgBank), o terceiro maior concessor de empréstimos em ativos da China, planeja captar até US$ 23,2 bilhões na sua oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) nas Bolsas de Xangai e de Hong Kong, estabelecendo um recorde como o maior IPO do mundo. O AgBank dará os preços finais para o IPO no dia 7 de julho, e suas ações começarão a ser comercializadas em Xangai no dia 15 de julho e no dia seguinte em Hong Kong.

O banco reduziu o tamanho da oferta em comparação com sua meta original de até US$ 30 bilhões por causa da desacelaração das condições do mercado, mas ainda poderá ter de lutar para alcançar a extremidade superior do intervalo de captação de fundos em razão das preocupações com a rentabilidade das operações rurais.

O mais recente dos quatro maiores bancos da China a listar suas ações em bolsa disse que venderá até 25,57 bilhões em ações em Xangai, dentro de um intervalo de 2,52 yuans a 2,68 yuans para captar até 68,5 bilhões de yuans (US$ 10,1 bilhões).

Na semana passada, o AgBank estabeleceu uma faixa para o seu IPO em Hong Kong de 2,88 dólares de Hong Kong a 3,48 de dólares de Hong Kong para captar até US$ 13,1 bilhões, afirmam pessoas familiarizadas com a situação.

A faixa de preço mais baixa em Xangai reflete as condições mais fracas do mercado doméstico. A Bolsa da China recuou 23% desde o início de 2010, enquanto a de Hong Kong caiu 5%. Além disso, os maiores bancos da China estão negociando em Xangai com um desconto de 15% a 20% em relação às suas contrapartes listadas na Bolsa de Hong Kong.

"Um preço de IPO entre 2,5 yuans e 2,6 yuans é razoável uma vez que avalia o banco em cerca de 1,6 vezes do valor contábil", afirmou Shen Wei, um analista da Everbright Securities Co. Em Xangai, o Industrial & Commercial Bank of China, que detém atualmente o recorde do maior IPO do mundo com sua oferta de US$ 22 bilhões em 2006, está sendo negociado em 1,98 vez do seu valor contábil, enquanto o China Construction Bank está sendo comercializado em 1,92 vez e o Bank of China, em 1,66 vez.

"Tal desconto é necessário, uma vez que poderia ajudar as ações do AgBank a obterem alguns ganhos no primeiro dia de negociação. Do contrário, eu não estou muito otimista sobre a sua estreia", disse Shen.

A oferta do AgBank, que tem um legado de empréstimos ruins maior do que qualquer um dos grandes bancos da China, ocorre em meio à instabilidade dos mercados, com o fraco apetite por novos negócios fazendo com que alguns IPOs sejam adiados. No início deste mês, a fabricante chinesa de turbinas eólicas Xinjiang Goldwind Science & Technology adiou seu IPO de US$ 1,2 bilhão.

Mas Pequim parece determinada a prosseguir com o IPO do AgBank, uma vez que a oferta irá deixar a China mais perto de terminar a reforma de uma década dos bancos estaduais, que costumavam ser instrumentos endividados do governo, em empresas públicas ricas em caixa.

Com o apoio do governo, o risco de curto prazo do IPO pode ser baixo, mas analistas disseram que o AgBank não vale como investimento a longo prazo, citando a rentabilidade menor das operações rurais.

"Estou com medo de que os investidores não estejam interessados em negócios bancários relacionados ao setor rural, tendo em vista que o banco ainda precisa assumir o papel de um emprestador do governo em algumas regiões da China", disse Shen Jun, estrategista do BOC International (China).

De acordo com o prospecto do IPO do AgBank, cerca de 30% das 24 mil filiais do banco estão no oeste da China, uma das regiões mais pobres do país. Segundo analistas, o retorno sobre o capital com os empréstimos rurais é normalmente entre 20% e 30% menor que o dos empréstimos nas áreas urbanas, uma vez que o tamanho dos empréstimos é geralmente menor e o custo do monitoramento de desempenho maior.

Para ajudar a garantir o sucesso do IPO, o AgBank já reservou uma grande parte da sua oferta para seus principais investidores. O banco havia atraído cerca de US$ 5,45 bilhões desses investidores para a sua oferta em Hong Kong, mesmo antes da abertura das subscrições para seu possível IPO recorde na última quinta-feira.

Fonte: Agência Estado / Clarissa Mangueira

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