Crédito: Roberto Parizotti – CUT
Roberto Parizotti - CUT
Federação nasce democrática e plural, diz presidente da CUT

Com a experiência de quem construiu as conquistas da classe trabalhadora, mas não abandonou a luta, os trabalhadores aposentados e pensionistas da CUT fundaram ao final do segundo encontro nacional, nesta sexta-feira (12), em São Paulo, uma organização que representará a categoria em todo o país.

A Federação Nacional dos Trabalhadores/as Aposentados/as, Pensionistas e Idosos/as (Fenapi-CUT) nasce orgânica à Central, o que significa organizar exclusivamente um ramo dentro da CUT.

O encontro contou com mais de 100 representantes de 19 entidades e já elegeu a primeira direção, que ficará à frente da entidade até o 12º Congresso da CUT (CONCUT), previsto para o segundo semestre de 2015.

A estrutura da organização contará com 13 secretarias, 10 diretores executivos, cinco diretores regionais mais o conselho fiscal e definiu uma moção em que aponta suas atribuições.

Presidente eleito da Fenapi, Wilson Ribeiro, destaca que a fundação é o resultado de quatro anos de luta pela organização autônoma dos aposentados dentro da Central e avalia que o grande desafio é gerar unidade para lutar pela valorização das aposentadorias.

“Temos que estar juntos para defender um aumento real de salário, que é decrescente e, consequentemente, afeta nosso poder de compra, especialmente, por conta do fator previdenciário. Justamente quando mais precisamos, quando temos mais gastos com remédios, plano de saúde é que temos a maior queda em nossos rendimentos. São obrigações que muitas vezes pegam mais da metade do nosso salário”, explicou.

Ribeiro aponta para um dos grandes obstáculos da categoria, já que desde 2010 os aposentados que recebem mais de um salário mínimo não são beneficiados com aumento real. A estimativa é que 9,5 milhões de benefícios estejam acima do mínimo e quem faz parte deste grupo não tem o reajuste calculado da mesma forma que os trabalhadores da ativa. A elevação aplicada para quem ganha mais do que um salário considera apenas o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), base para medir a inflação.

Valorização e respeito

De acordo com dados do Ministério da Previdência, o Brasil tem 17 milhões de aposentados e, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), de 2012, esse número deve chegar a 30 milhões por conta da melhora nas condições de vida na última década e a queda do número de filhos.

Ciente desse cenário, o presidente da CUT, Vagner Freitas, e o secretário-geral da Central, Sérgio Nobre, destacaram que a organização do segmento era um dos desafios desta gestão.

“A Fenapi surge como uma entidade democrática, plural e honesta e que necessita do apoio de outras entidades sindicais comprometidas com o projeto CUT para que possamos mudar a cultura do nosso País e passar a respeitar e valorizar os trabalhadores aposentados”, destacou Vagner.

Nesse embate, ressaltou Vagner, o fim do fator previdenciário, fórmula criada em 1999 durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que reduz em até 40% os vencimentos dos aposentados, é uma luta permanente.

Para Nobre, uma das premissas da organização será o diálogo com outros movimentos com o objetivo de construir ações comuns e garantir avanços na agenda dos trabalhadores aposentados.

“Isso inclui a luta por um indicador específico de correção das aposentadorias, já que a inflação para os aposentados é maior que a média da população, subsídios em medicamentos e outros produtos”, disse.

Unificar para avançar

Da mesma forma que o presidente da Fenapi, o secretário de Organização Sindical da CUT-SP, Marcelo Fiorio, apontou a importância de unificar as várias entidades que lutam pela mesma bandeira.

“Ao fundar uma organização que vai congregar todas as entidades, departamentos, coletivos e associações dinamizamos e organizamos a luta para melhorar a qualidade de vida e avançar nas conquistas. E, tanto quanto qualquer categoria, os aposentados precisam fortalecer essa batalha nacionalmente, porque dependem de negociação direta com o governo para reajuste do benefício do INSS, ao mesmo tempo em que precisam engrossar a resistência contra o fator previdenciário”, disse.

Fonte: William Pedreira e Luiz Carvalho – CUT