O mercado financeiro é uma das grandes apostas da família Batista. No ano passado, o grupo comprou o Matone, um pequeno banco do Rio Grande do Sul que enfrentava problemas patrimoniais. Financiados pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), os Batista juntaram o Matone com o Banco JBS – que já era seu – e formaram o Original.
De acordo com fontes do mercado, nos últimos tempos outras instituições já se aproximaram do Rural, mas desistiram porque não houve acordo em torno do preço. Já o Original está com o cofre cheio, por conta do empréstimo de R$ 1,85 bilhão que recebeu do FGC no ano passado, para a compra do Matone.
O dinheiro emprestado pelo FGC, um fundo mantido pelo mercado financeiro para socorrer bancos e clientes em caso de dificuldade, tinha dois objetivos: resolver os problemas do Matone e dar suporte para que o Original pudesse crescer.
O raciocínio é que a incorporação do Rural, uma instituição de médio porte e até um pouco maior do que o Original em volume de ativos, pode acelerar esse processo. De acordo com os balanços de setembro do ano passado, o Rural administra R$ 4,6 bilhões em ativos totais e o Original, R$ 4,3 bilhões.
Foco. O Rural vem enfrentando problemas de imagem há vários anos, em razão de seu envolvimento em escândalos recentes como o caso Banestado (investigação sobre remessas ilegais de recursos para o exterior) e o mensalão do governo Lula. Além disso, está com o índice de Basileia – base para definir a quantidade de recursos que um banco pode emprestar – muito apertado, o que exigiria uma injeção de capital para que a instituição possa continuar crescendo.
Já o Original é um banco à procura de um novo foco. Concentrado no financiamento a pecuaristas, o banco está de olho no chamado middle market, o mercado de pequenas e médias empresas, área em que o Rural tem experiência, equipe e uma projeção razoável entre as instituições de médio porte. O próprio frigorífico JBS, na fase de crescimento, era cliente do Rural.
A política de expansão na área financeira faz parte de uma estratégia maior da família Batista, que formou o maior grupo frigorífico do mundo com financiamento e apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os Batista estão diversificando seus negócios. Além do banco, estão construindo a maior fábrica de papel do mundo no Mato Grosso do Sul e investindo na área de higiene e limpeza.
Fonte: O Estado de S.Paulo