São Paulo – Os bancários do Grupo Santander Brasil deram uma demonstração de força e organização, conquistando avanços no único acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho de banco privado. De forma inédita, muito desses direitos foram estendidos aos bancários do Real que passaram também a ter seu aditivo.

Agora, a luta se volta para a cobrança de um urgente e necessário ajuste no pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

Os lançamentos do balanço de 2008 mostram bom desempenho no crédito, nos serviços, nos produtos, pessoa jurídica e física e não há qualquer indicador de prejuízo ou de resultado ruim. Graças ao trabalho dos bancários, os ativos passaram de R$ 116 bilhões para R$ 340 bilhões e há a "sinergia" com a fusão de departamentos após a fusão Santander e Real. Mas a aritmética espanhola é mágica, pois um banco mais um banco é igual a um, já que o balanço contábil derreteu um banco. Até setembro, o lucro acumulado era de R$ 4,39 bilhões, aos quais deveriam ser somados R$ 529 milhões do último trimestre. Só aí já seriam R$ 4,83 bilhões.

Em entrevistas do presidente da corporação, Fábio Barbosa. A filial brasileira responderia por 20% do lucro em todo o mundo em 2009. Como o resultado global foi de 8,9 bilhões de euros – ou R$ 26,7 bilhões – a fatia brasileira seria quase o dobro do anunciado oficialmente (R$ 5,33 bi). Uma farra nos lançamentos a título de "valores intangíveis" de ágios da aquisição e da marca, assim como uma conta "outros", cuja somatória chega a R$ 7 bilhões, provocou o rebaixamento dos resultados.

Tudo isso provocou indignação nos bancários que querem o mesmo tratamento dispensado aos acionistas que, segundo notas do balanço sobre a distribuição de dividendos e juros sobre capital, (isento do Imposto de Renda) "foram estabelecidos para não dar prejuízos aos acionistas", que detêm quase 98% das ações. Outro grupo que não perdeu foram os executivos que não viram seus bônus milionários encolherem por causa de um balanço contábil que não reflete de fato o excelente resultado conquistado pelos bancários.

"O Sindicato está cobrando do banco que reveja o que já foi pago e faça justiça em relação à PLR dos seus funcionários", afirma a diretora do Sindicato Rita Berlofa. "Os trabalhadores, os verdadeiros responsáveis pelo desempenho da empresa, estão revoltados com o valor pago (somente a regra básica de 90% do salário mais R$ 966, sem o pagamento do adicional) e querem o mesmo tratamento dispensado aos acionistas e executivos", completa.

Fonte: Seeb/SP