"Esperei para ter o benefício. A economia foi muito bem-vinda", comemora a sócia do Grupo Vatel, que reúne seis pequenas empresas do setor de alimentação.
Desde o corte de juros feito por BB e Caixa no início do mês, e seguido por Itaú, Santander e Bradesco, os bancos públicos tiveram aumento da demanda por empréstimos a pessoa jurídica.
De acordo com a Caixa, o total de crédito concedido a empresas nas duas primeiras semanas deste mês foi cerca de 30% maior que no mesmo período de março (o banco não revelou valores).
Considerando apenas a linha específica para empresas de micro, pequeno e médio portes (faturamento anual máximo de R$ 50 milhões, pelos critérios do banco), o total contratado de R$ 196 milhões na 1ª semana deste mês foi 891% maior que no mesmo período do mês passado.
Já no BB, o crédito total concedido a micro e pequenas empresas foi cerca de 22% maior entre os dias 9 (quando a mudança de taxas da instituição passou a valer) e 25 do que no mesmo período de março -e somou R$ 3,8 bilhões.
Só nas três principais linhas para companhias nesse perfil (com receita de até R$ 25 milhões por ano, pelos critérios da instituição), o aumento chegou a 57%.
"A concorrência é benéfica principalmente aos micro e pequenos empresários, que têm menos força que os grandes para barganhar com os bancos", diz Paulo Alvim, gerente da unidade de acesso a mercados e serviços financeiros do Sebrae nacional.
VELOCIDADE
Alvim destaca que, para o o empreendedor desse tipo, tão importante quanto o juro baixo é a velocidade de liberação do empréstimo. "E os bancos privados sempre foram mais rápidos."
"Os bancos públicos, agora, a partir de uma iniciativa política do governo, despertaram para as necessidades e o potencial desse cliente, que passou a ter mais potencial de endividamento," diz.
MENOS RISCO
"Além disso, reduzindo as taxas, aumentam as chances de o tomador de crédito pagar o empréstimo e diminui o risco para o banco", diz Viktor Andrade, diretor de transações da consultoria Ernst & Young Terco.
Paulo Roberto Feldmann, presidente do conselho da pequena empresa da Fecomercio SP, diz que "foi muito importante" a decisão do governo federal de reduzir os juros dos bancos públicos "para forçar um movimento semelhante" das instituições privadas.
Mas Feldmann não é otimista quanto à manutenção dos juros baixos. "No governo Lula, também houve exigência política de que bancos públicos reduzissem taxas e, pouco depois, por pressão de acionistas, as instituições voltaram atrás. Tenho medo de que, em dois ou três meses, os juros voltem a subir", diz.
Fonte: Folha de S.Paulo