Existem várias formas de se violentar o ser humano: física, moral e psicologicamente. Segundo o Houaiss, a palavra assédio significa insistência impertinente, perseguição, sugestão ou pretensão constante em relação a alguém. De acordo com Marie-France Hirigoyen, assédio moral é “toda e qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude…) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho”.
Desde que as mulheres ingressaram no mercado de trabalho, elas deparam, não só com desigualdades em planos de carreira, em oportunidades, na remuneração, mas também com o assédio moral. Sua situação, no mercado de trabalho, aliada ao seu posicionamento quanto ao desempenho de funções na sociedade, e ainda em consonância com a histórica desigualdade de gênero, conduz-nos à percepção de que a mulher é alvo constante de assédio moral nas relações de trabalho.
A psiquiatra, psicanalista e psicoterapeuta francesa Marie-France Hirigoyen, bem como a pesquisadora e médica do trabalho Margarida Barreto afirmam que as mulheres são, mais frequentemente, vítimas do assédio moral, além de serem assediadas de forma diferente dos homens: as conotações machistas e/ou sexistas estão presentes, muitas vezes, nas agressões. Há notável diferença entre a quantidade de pessoas assediadas por gênero, pois, de acordo com Hirigoyen, 70% dos assediados são mulheres, enquanto apenas 30% são homens.
Assistimos, no decorrer do século XXI, a importantes transformações nas relações entre homens e mulheres, mas os estereótipos ainda persistem. Nesta seara, descortina-se, também, o caso da mulher em meio a um grupo de homens, como situação mais propícia à ocorrência do assédio moral, e também se coloca o perfil das mulheres casadas, grávidas, lesionadas ou que possuem filhos pequenos, como as que mais sofrem com a prática do fenômeno.
A participação da mulher no mercado de trabalho cresce proporcionalmente à sua exposição ao risco. É bem verdade que, cada vez mais, a mulher sabe conquistar o respeito e a admiração de seus pares e chefes. Eles reconhecem que a presença crescente da mulher, nos ambientes corporativos, modificou as feições das organizações e sacudiu o universo masculino de diversas formas, pois a mulher possui a constante preocupação de aprender e de se qualificar, além de precisar provar ser tão competente quanto o homem, mesmo quando ocupam cargos semelhantes.
Diante desse pequeno mosaico, observamos quão importante é promover a mudança de concepção e a luta por uma conscientização social, visando ao bem comum e à construção da igualdade de gênero, buscando resultados mais justos e sustentáveis, concedendo a todos um tratamento idêntico e digno, tanto no ambiente corporativo, quanto na vida social. O assédio moral está na ordem do dia, e a luta contra qualquer tipo de violência precisa ser abraçada por todos os colegas. “Como a violência reaparece a cada época sob novas formas, é necessário retomar, permanentemente, a luta contra ela.” Stephen Zweig, Conscience contre Violence.
Para saber mais sobre o tema, acesse: www.assediomoral.org.br
*Joseane da Silva Guedes é diretora do Sindicato dos Bancários da Paraíba, responsável pela Secretaria de Relações Intersindicais, membro da Comissão Regional Pro – equidade de Gênero da Paraíba e funcionária da Caixa Econômica Federal – Agência Cruz das Armas, João Pessoa/PB