O Brasil livrou-se de um de seus maiores problemas, que afligiu a vida de nosso povo, promoveu a infelicidade nos lares, sabotou o desenvolvimento econômico, conspirou contra a estabilidade social e ameaçou por décadas até a democracia. Foi no governo do presidente Lula, fruto das políticas desenvolvidas na área social e do estrondoso êxito da condução econômica, que tal flagelo passou a fazer parte apenas de um passado doloroso e não mais da atualidade.
Há duas questões que penalizam sobremaneira a classe trabalhadora, que desestabilizam a classe média e colocam em xeque a Nação, seus valores e o próprio futuro: o desemprego e a inflação. E não é apenas no Brasil que esse binômio maldito, promotor de nefastas conseqüências, já deixou as marcas indeléveis de sua ação. A América Latina, continente relativamente jovem em relação à velha Europa e à milenar Ásia, teve no desemprego e na inflação as forças opostas ao seu desenvolvimento e geradoras das mais terríveis desigualdades, em sentido contrário à exuberância de recursos minerais, potencialidades econômicas e à clara destinação de grandeza que é notável desde a gélida Patagônia até a fronteira norte do México.
No Brasil, por exemplo, pudemos constatar que a aplicação do receituário neoliberal durante os anos do governo FHC gerou desemprego e recessão, e a imagem das filas de cidadãos lutando por poucas vagas disponíveis rodeando quarteirões, com o sofrimento e a desilusão estampados nas faces de centenas ou milhares de desempregados. Foi um dos piores momentos de nossa história. Como dirigente sindical, ao lado dos meus companheiros fundadores da CUT, acompanhei aquela quadra difícil de nossa história e pude estudar profundamente o que é o desemprego e a forma brutal com que ele compromete o futuro dos países e a vida dos trabalhadores. Aliado à inflação, certamente, torna-se uma espécie de bomba de nêutrons que explode, certeira e inclemente, no seio da sociedade e no coração das famílias.
Hoje o Uruguai, sob a presidência do companheiro Pepe Mujica, vive o pleno emprego, após vigorosa recuperação econômica nos anos do Estadista Tabaré Vasquez. Sua economia dá mostras de irresistível ascensão e os investidores nacionais e estrangeiros colocaram o pequeno e extraordinário país platino no mapa do desenvolvimento. Mas não faz muito a equação maldita ditadura & neoliberalismo/desemprego & inflação levou nossos irmãos uruguaios à bancarrota. Na Argentina não foi diferente. Com requintes de crueldade social e sadismo econômico, a ditadura e seu economista, o tristemente célebre Martinez de Hóz, no final dos anos 70 e, na década dos 90, o neoliberalismo de Carlos Menem e seus ministros da área econômica – notadamente Domingo Cavallo, um “Chicago-boy” – arrasaram aquele importante parceiro nosso no Mercosul. A inflação e o desemprego deixaram digitais sinistras num país que já foi sinônimo de industrialismo, agricultura forte, produção e riqueza.
No Brasil vencemos o desemprego. Sempre quis poder dizer isso, escrever tal frase, comemorar tamanho acontecimento. Achava difícil, jamais impossível. Nas salas de aula, nos sindicatos, no Fundo de Amparo ao Trabalhador, na CUT, no PT, nas lutas pelo Brasil que almejamos, sempre sonhei acordado com tal conquista. Hoje, ao constatar a situação de pleno emprego, tenho a íntima satisfação de ver que todas as lutas e sofrimentos, que tantas greves reprimidas, tantos processos e intimidações contra os sindicatos e seus dirigentes, valeram a pena! A firmeza de nossos trabalhadores e a iniciativa de nossos empreendedores se constituiu em fermento que potencializou esse momento raro e tal situação, que creio definitiva para o Brasil e seu grande povo.
O governo do presidente Lula gerou mais de 15 milhões de empregos ao longo de oito anos. Só em 2010 foram exatos 2 milhões e 520 mil novos postos formais de trabalho. Trata-se de uma legião de mulheres e homens, do Rio Grande do Sul até Roraima, entrando no mercado de trabalho e participando dos esforços para melhorar cada vez mais um país que recobrou sua auto-estima e o respeito das demais Nações, que venceu as barreiras do subdesenvolvimento e já desponta no cenário internacional como uma das cinco potências da próxima década.
São números expressivos se comparados à geração pífia nos anos de governo do PSDB, com cerca de cinco milhões de empregos conseguidos na mesma faixa de tempo, ou seja, em oito anos do governo neoliberal de FHC. É a diferença entre a água e a sede, entre o Brasil de Lula, um Brasil vitorioso e cheio de futuro, e o Brasil derrotado, sem credibilidade e sem expectativas ou reconhecimento.
Não acredito em país que se firme como Nação, que esteja apto a vencer no concorrido mercado internacional, que se transforme em opção para os empreendedores ou porto seguro para grandes investimentos, se o desemprego se fizer presente na vida nacional. Desenvolvimento e desemprego não combinam entre sí, progresso e desemprego não se misturam, enquanto pleno emprego e democracia são complementares, emprego e desenvolvimento andam juntos.
O governo da presidenta Dilma Rousseff, em cálculo realista e mesmo conservador, já estabeleceu a meta de criação de três milhões de novos empregos formais em 2011. Segue, com competência técnica e decisão política, o caminho aberto pela administração de Lula e aposta no desenvolvimento e na consolidação de uma economia pujante e baseada em sólidos fundamentos. Não há outro caminho.
No Brasil o desemprego não terá mais chances.
Artigo do professor Delúbio Soares.
Fonte: www.delubio.com.br