Os ataques a caixas eletrônicos com o uso de explosivos já atingem estados de todas as regiões brasileiras. Nos últimos meses, criminosos explodiram caixas de Rondônia até o Rio Grande do Sul.

O estado com maior incidência de casos é São Paulo. Somente na capital e nas cidades da região metropolitana foram mais de 100 ataques, em uma média de três a cada semana. No interior do estado, os ataques também proliferam. Na região de Campinas, foram pelo menos 87 tentativas de assalto com o uso de explosivos. Nesta quarta-feira, um ataque foi realizado em um caixa localizado dentro de um quiosque em Jundiaí, 65 Km da capital.

A sucessão de explosões levou o secretário de Segurança de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, a classificar os ataques como o crime da moda. A ação dos criminosos costumar ser rápida e, em tese, oferece pouco risco aos bandidos.

Embora tenham se tornado uma febre em São Paulo, os ataques ainda são raros nos demais estados do Sudeste. Em Minas Gerais há registro de um caso, em julho, no município de Montes Claros, Norte do estado. No Rio de Janeiro não há registro desse tipo de ataque.

No Espírito Santo, o primeiro ataque confirmado pela Secretaria de Segurança aconteceu nesta quinta-feira, no município de Conceição da Barra, Norte do estado. Dez homens explodiram caixas de uma agência bancária e chegaram a trocar tiros com a polícia militar.

Já na região Nordeste, o crime é comum em quase todos os estados. Na Bahia, somente neste ano mais de 100 pessoas foram presas por participação em assaltos a bancos. Os criminosos explodiram pelo menos 20 caixas eletrônicos.

As quadrilhas agem tanto nas grandes cidades do Nordeste como Salvador, Recife e Fortaleza, quanto nos municípios mais afastados e menos populosos. Em maio, um caixa foi explodido em Camocim de São Félix, cidade do Sertão pernambucano com 17 mil habitantes.

A ação das quadrilhas levou as secretarias de segurança dos estados do Pernambuco, Ceará, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte a elaborarem uma força-tarefa para monitorar e coibir a ação das criminosos.

Na região Sul do país, há registros de explosões de caixas nos três estados. No Rio Grande do Sul, o primeiro ataque ocoreu em fevereiro de 2010.

– Foi um problema que nos incomodou muito. Foram registrados seguidos ataques, concentrados nas cidades da região serrana do estado – diz o delegado Juliano Ferreira, da Delegacia de Repressão a Roubos.

De acordo com Ferreira, pelo menos 20 prisões foram feitas, o que desarticulou a atuação das quadrilhas.

Em Santa Catarina e no Paraná, as explosões tomaram o lugar dos ataques com maçaricos, em que os caixas eram cortados pelos bandidos em ações que simulavam uma reforma no interior dos bancos. A polícia catarinense identificou 11 ataques, sempre longe dos grandes centros, em cidades como Massaranduba, município de 14 mil habitantes localizado no Norte do Estado.

De acordo com informações da polícia, as quadrilhas que atuavam no estado eram formadas por criminosos oriundos do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e São Paulo.

No Paraná, de acordo com o delegado Rodrigo Browne, da Delegacia de Furtos e Roubos, as explosões ganharam força após um roubo a uma fábrica de explosivos em Almirante Tamandaré, na Grande Curitiba, em julho.

De acordo com Browne, os criminosos ainda estariam aprendendo a lidar com os explosivos. Na última terça-feira, os bandidos explodiram um caixa localizado dentro de uma agência do Banco do Brasil na prefeitura de Agudos do Sul, também região metropolitana de Curitiba.

– Calcularam mal porque quase colocaram o prédio da prefeitura abaixo – disse o delegado.

O mau uso dos explosivos também é uma característica dos assaltos na região Centro-Oeste. Em várias agências da região, a carga de dinamite explodiu tudo em volta. Foram registrados casos de explosões em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde é comum os bandidos realizaram ataques seguidos em pequenas cidades vizinhas que contam com pouco policiamento.

O Norte do país foi a última região a conhecer a nova modalidade de crime. Em Tocantins, um caixa foi explodido por bandidos que chegaram a sequestrar um policial durante a ação. Os estados do Pará e Rondônia tiveram seus primeiros registros do crime no segundo semestre deste ano.

Em nota, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) diz que tem colaborado com as secretarias de segurança estaduais na prevenção e repressão aos ataques. De acordo com aFebraban, estão sendo construídos caixas "robustos, com elevado poder de resistência" e estão sendo criados dispositivos de segurança, como os que mancham as notas expelidas em caso de explosão.

Fonte: O Globo Online