A luta pela equidade de gênero no setor bancário alcançou um marco importante nesta quinta-feira (28), durante reunião do Comando Nacional dos Bancários com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O encontro teve como destaque a implementação de 3.100 bolsas de formação na área de Tecnologia da Informação (TI) para mulheres, uma conquista negociada no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2024.
A Paraíba esteve representada nesse momento histórico pela diretora da Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Danielle Freitas, reforçando o protagonismo do estado na luta sindical e na defesa dos direitos das trabalhadoras bancárias. Também participaram da reunião as representantes da Febraban Mona Dorf (diretora-adjunta de mídias sociais) e Silvana Rosa Machado (diretora-executiva de RH e sustentabilidade), além das lideranças sindicais Neiva Ribeiro (coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo) e Fernanda Lopes (Secretária das Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro – Contraf-CUT).
Desigualdade no setor bancário e o impacto da inclusão na tecnologia
O setor bancário reflete desigualdades estruturais presentes no mercado de trabalho. Segundo dados discutidos na reunião, 96% dos postos de trabalho fechados na categoria são ocupados por mulheres. Além disso, elas possuem maior escolaridade, mas continuam ganhando menos que os homens.
A baixa presença feminina na área de tecnologia agrava esse cenário. Apenas 6% das profissionais de TI são mulheres, o que evidencia a necessidade de políticas que garantam formação e acesso ao setor. “Não dá para pensar em igualdade salarial se não tivermos mulheres na área de tecnologia”, ressaltou uma das representantes do Comando Nacional.
Diante desse panorama, a negociação das 3.100 bolsas foi um passo crucial para ampliar a presença feminina na tecnologia e, consequentemente, no setor bancário. Com os cursos já em andamento, mulheres de diversas regiões do país estão sendo capacitadas através dos programas Programaria e Laboratória, iniciativas reconhecidas por sua atuação na formação de mulheres na área de TI.
Tecnologia como ferramenta de empoderamento feminino
A ministra Cida Gonçalves ressaltou que a inserção feminina no setor tecnológico é essencial para reduzir desigualdades e fortalecer a democracia. “Vivemos em um mundo digital. Como vamos enfrentar as redes sociais e as fake news? Conhecer e dominar a tecnologia é essencial para garantir inclusão e segurança para as mulheres”, afirmou.
A vulnerabilidade digital feminina também foi tema do encontro, com a preocupação sobre golpes virtuais que afetam desproporcionalmente mulheres, especialmente aquelas com menor acesso à informação e recursos tecnológicos. Para a ministra, iniciativas como as bolsas em TI representam um avanço na qualificação das mulheres para o mercado de trabalho e na ampliação da sua segurança digital.
Mulheres na política e a necessidade de paridade
A ministra também destacou a urgência de ampliar a presença feminina nos espaços de decisão. No Brasil, 778 municípios não possuem nenhuma mulher em seus parlamentos, enquanto todos contam com homens eleitos. “Precisamos fortalecer as lideranças femininas no país. Não podemos esperar 300 anos para termos igualdade, queremos agora, já!”, enfatizou.
O compromisso firmado no último Acordo Coletivo e já em fase de implementação representa um avanço na luta por equidade no setor bancário e tecnológico. Com as bolsas em andamento, 3.100 mulheres estão tendo a chance de ingressar na área de TI, conquistando autonomia e ampliando suas possibilidades no mercado de trabalho.
A diretora do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Danielle Freitas, representando o estado nesse momento decisivo, destacou a importância da mobilização sindical na conquista de direitos. “Essa é uma vitória concreta do movimento sindical, e ver as mulheres já sendo beneficiadas por essa conquista reafirma a importância da nossa luta. Seguimos firmes por mais oportunidades e justiça no mercado de trabalho”, afirmou.