Com a paralisação, os funcionários que chegaram foram se aglomerando em frente à sede, onde foi realizada uma assembleia geral. Representantes do Sindicato e bancários da base revezaram-se nos pronunciamentos, denunciando as consequências e as verdadeiras intenções da reestruturação, que são enxugar, desestruturar e preparar o BB para a privatização.
“Tudo vem sendo feito sem transparência, sem que os trabalhadores saibam qual vai ser o seu futuro dentro do banco”, destacou Arivoneide Moraes, diretora do Sindicato e funcionária do BB. O fechamento de agências, o desligamento de funcionários pelo plano de aposentadoria incentivada, o fim das gerências administrativas e a extinção de funções, entre outras medidas, causarão um impacto significativo, mas o banco não explicou até agora para onde vão e como vão ficar os funcionários atingidos.
“A revolta entre os trabalhadores é grande e todos sabem que a dita reestruturação faz parte de um estratagema do governo ilegítimo de Michel Temer, cujo objetivo é retirar direitos dos trabalhadores, reduzir o tamanho e a responsabilidade do Estado, entregar o patrimônio público à iniciativa privada e elevar o lucro do capital financeiro”, observa o presidente do Sindicato, Jairo Santos. De acordo com ele, a reestruturação do BB, que logo chegará à Caixa Econômica Federal, vem em paralelo ao congelamento dos gastos públicos (inclusive na saúde e educação), à reforma da Previdência, à reforma trabalhista e ao desmonte de várias conquistas sociais obtidas nos últimos 16 anos.
O dia de luta dos funcionários do BB contou com o apoio da população e de diversas entidades, entre elas a CUT-AL e o Sindicato dos Vigilantes, que também se pronunciaram durante os protestos. O movimento teve ampla cobertura da imprensa, ajudando a repercutir a indignação dos trabalhadores, que não é só com os efeitos internos do pacote, mas também com os prejuízos que serão gerados à população.
“Querem tirar o caráter social e público do BB, além de piorar o atendimento e dificultar o acesso da população”, alertou Juan Gonzalez, diretor de Comunicação do Sindicato. As agências e postos de atendimento que serão extintos em Alagoas são justamente em comunidades carentes que necessitam de um banco público, como a do Jacintinho, em Maceió. “O banco só está pensando na eficiência financeira, no lucro. Este é o novo modelo que estão trazendo para o BB”, completou.
Além dos pronunciamentos dos dirigentes sindicais e funcionários, o ato desta quarta-feira contou com apresentações teatrais, nas quais atores bancários satirizaram as medidas anunciadas pelo banco. Eles cantaram paródias de músicas criticando a reestruturação, as ameaças do governo Temer aos direitos trabalhistas e convocando a sociedade para reagir. As pessoas que passavam participaram de enquete, onde puderam opinar e se pronunciar.