O Sindicato dos Bancários de São Paulo continua firme na luta contra o PL 4330, que facilita e regulamenta a terceirização fraudulenta e ameaça os empregos. Por isso, bancários protestam nesta quinta-feira (4), na Avenida Paulista, junto com metalúrgicos e químicos. O ato vai paralisar as agências bancárias da região pela manhã e será realizado por trabalhadores em todo o Brasil.

O PL 4330/2004 – de autoria do deputado federal e empresário Sandro Mabel (PMDB-GO) e relatado pelo deputado Arthur Maia (PMDB-BA) – entraria na pauta de votação da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara no dia 9 de julho. Mas reunião nesta quarta-feira (3), da comissão quadripartite criada pelo governo federal para debater o tema, garantiu a negociação e o adiamento para o dia 10.

“A mobilização dos trabalhadores até agora já conseguiu esse adiamento. A comissão se reúne nos dias 5, 8 e 9 com o objetivo de construir um projeto de consenso sobre a terceirização que não prejudique os trabalhadores e as conquistas garantidas em anos de luta ao lado do movimento sindical”, ressalta a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

“Há um forte lobby da CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e da Fenaban (federação dos bancos) pela aprovação desse projeto, porque ele atende totalmente aos interesses patronais. Caso os deputados da CCJC insistam em aprovar esse nefasto PL 4330, no dia 11 está previsto um grande ato das centrais sindicais em todo o país, e aí o Brasil vai parar pelos direitos dos trabalhadores”, salienta a dirigente sindical

O Dia Nacional de Luta, em 11 de julho, vai pressionar com paralisações, atos e passeatas pela aprovação da pauta dos trabalhadores, que além do combate ao PL 4330, reivindica o fim do fator previdenciário, jornada de 40 horas sem redução de salários e mais investimentos em transporte público, entre outros pontos.

Ameaça ao emprego

Os bancos usam a terceirização como estratégia para economizar em mão de obra e aumentar ainda mais seus lucros já bilionários. Isso porque, apesar de realizarem atividades bancárias, os terceirizados ganham 1/3 do piso da categoria, têm jornadas maiores e não usufruem de direitos como PLR e vale-alimentação.

Se aprovado, o PL 4330 será carta branca para que os bancos terceirizem ainda mais suas atividades essenciais. E isso é uma enorme ameaça ao emprego bancário.

Na década de 1980, a categoria reunia cerca de 800 mil bancários, e hoje está reduzida a 500 mil. Isso porque grande parte dos trabalhadores do setor financeiro estão nas terceirizadas. “Se o PL 4330 for aprovado, o bancário de hoje pode ser o terceirizado de amanhã. Por isso é importante que a categoria participe dessa luta”, convoca a secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas.

Vida de terceirizado

Diferença salarial

“O piso de um bancário em cargo mais baixo ultrapassa os R$ 1.500. Eu recebo como operador de cobrança cerca de R$ 700, R$ 5 por dia de vale-refeição e não tenho vale-alimentação. Faço cobranças de valores até R$ 50 mil e acordos de parcelamentos, negociações que exigem cálculos de taxas de juros, IOF, e outras atividades feitas por bancários. Tenho acesso detalhado a toda movimentação bancária do cliente. Meu sentimento é de injustiça, já que fazemos o mesmo trabalho que o bancário.”

Sem reajustes

“Fui contratado como terceiro em 2008. Tinha vale-refeição mas, até o início deste ano, não teve nenhum dos reajustes conquistados pela categoria. Ganhava o mesmo tíquete de R$ 14,72, enquanto o dos bancários já está em R$ 21,46. Nada de reajuste, nada de PLR. Mas o trabalho é de bancário e com acesso ao mesmo sistema. Mesmo isolados nas salas para terceirizados, tínhamos contato com bancários durante o almoço, víamos o preço do restaurante sendo atualizado por conta do aumento que eles conquistaram e o nosso continuava igual.”

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo