Na noite desta quarta-feira (24), no auditório do Sindicato dos Bancários da Paraíba, bancárias e bancários participaram do encontro sobre ambiente saudável de trabalho e ações de prevenção às doenças ocupacionais, com palestras da professora do Departamento de Psicologia da UFPB, Thaís Máximo; do diretor do Cerest João Pessoa, Kleber Silva; e do perito médico federal especializado em Epidemiologia do Trabalho, José Neto.

A mesa foi formada pelo presidente Lindonjhonson Almeida (que conduziu os trabalhos), os palestrantes, o secretário de saúde da CUT-PB José Rômulo, o dirigente sindical e vereador Marcos Henriques, o secretário de saúde Washington Luiz e a psicóloga Mia Maia. Após as saudações iniciais, foi exibido um vídeo da Contraf-CUT sobre o adoecimento da categoria bancária e apresentados os números da emissão de CATs pelo Seeb-PB em 2023 e 2024 até abril.

A primeira palestra foi com a professora Thaís que, dentre outros assuntos, falou sobre a Promoção de um Ambiente Saudável e a Cooperação no Trabalho, destacando que “o trabalho nos impõe riscos psicossociais, relações de trabalho fragilizadas, foco no indivíduo e isso gera medo e insegurança entre os trabalhadores”. E seguiu afirmando que a organização e condições do trabalho podem afetar diretamente a saúde, tanto física quanto mental, “cuja construção envolve a história de vida, questões familiares, vivências subjetivas e que não se pode apagar a bagagem que cada um traz consigo, nem deixar de considerar as diferenças Intra e interindividuais. Não há como desconectar suas vivências como pessoa e como trabalhador”.

A professora afirmou que “a cooperação, a empatia e o reconhecimento do trabalho promovem a saúde e previnem o sofrimento do trabalhador; ou seja, a cooperação é a chave!”. E citou o genial Chico Buarque para encerrar sua participação: “Todos juntos somos fortes, somos flecha, somos arco. Todos nós no mesmo barco, não há nada pra temer. Ao meu lado há um amigo que é preciso proteger”.

Kleber Silva, apresentou o Cerest João Pessoa, sua composição, estrutura e capilaridade de atuação, bem como os procedimentos de escuta, acolhimento e orientação às trabalhadoras e trabalhadores adoecidos pelo trabalho que recorrem àquele Centro. “Temos ampliado a nossa estrutura para melhor acolher os trabalhadores adoecidos que recorrem ao nosso apoio e orientações e precisamos que o nosso Centro de Referência seja mais divulgado com todas as categorias profissionais para ampliarmos o leque de atendimento à classe trabalhadora, que não se restringe só à capital”, comentou.

O perito médico José Neto, focou sua participação na perícia do INSS e ressaltou as dificuldades para a atuação dos peritos depois da reforma trabalhista, implantada no governo Temer e seguida pelo governo Bolsonaro, com a redução do quadro e a reestruturação que fixou em 20 minutos o tempo para cada perícia.

“A não ser que o caso do examinado seja muito simples e ele venha com todos os documentos pertinentes, é humanamente impossível uma perícia bem embasada ser concluída no tempo determinado pelo INSS. E convém esclarecer a diferença entre a atuação do médico assistente e o perito, a quem compete tão somente analisar se o pedido do segurado goza de veracidade e se está enquadrado na previsão legal. E é bom deixar claro que quem concede o benefício ou não é o INSS”, esclareceu José Neto.

Durante o debate, bancárias e bancários falaram de suas experiências negativas quando se submeteram à perícia do INSS, por descaso, frieza, humilhações e até mal tratos pelos peritos. O especialista em Medicina do Trabalho, Luiz Carlos Saraiva chamou a atenção da plenária para a importância da distinção de classes.

“A nossa relação com os patrões deve ser tratada como diferença de classes. Nós não somos parceiros e muito menos colaboradores. Nós vendemos a nossa força de trabalho e para fazermos a nossa parte bem feita precisamos de um ambiente de trabalho saudável, com equipamentos adequados e sermos remunerados justamente. O patrão não está interessado no trabalhador, mas apenas no seu negócio e no lucro que a mão de obra pode lhe proporcionar. Quanto às perícias no INSS, eu tenho atendido trabalhadoras e trabalhadores que chegam chorando porque foram humilhados, maltratados e até agredidos durante a perícia e isso não deveria acontecer de forma alguma. Precisamos ampliar as discussões, debater a precariedade nas perícias, analisar os fatos e lutar para reverter todos os malefícios provocados pela reestruturação decorrente da reforma da Previdência”, desabafou.

O presidente Lindonjhonson Almeida avaliou o encontro positivamente, tanto pelas presenças quanto pelo nível do debate e se disse indignado com esses 20 minutos delimitados para cada perícia. “Conhecemos essa limitação de longas datas e sabemos o quanto é injusto e cruel se estabelecer um tempo fixo para a execução tarefas diferentes. Quem foi caixa executivo sabe que fazer o atendimento de clientes com demandas diferentes é humanamente impossível cumprir em um determinado tempo fixado. Precisamos urgentemente formar uma frente de discussões para rever essa aberração criada por Temer e que prejudica ainda mais o trabalhador afastado por doença ocupacional. Em nome da diretoria do Sindicato, agradeço a participação de todos nesse debate de alto nível”, concluiu.

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