O avanço da retirada de direito dos trabalhadores em todo o mundo foi o principal tema de debate do segundo dia de trabalho da 4ª Conferência Regional da UNI Américas, nesta quinta-feira (8), na Colômbia.
Os bancários brasileiros denunciaram a uberização do sistema financeiro, as demissões, a redução de agências, chamada reestruturação produtiva, que acontece no Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú e Santander. “Todos os bancos, de uma maneira geral, passam por esse cenário de mudança. Agora é o momento de nos prepararmos para combater essa iniciativa do sistema financeiro que deve repercutir em toda América. Não podemos permitir que as mudanças signifiquem demissões e pioras nas condições de trabalho”, afirmou Roberto von der Osten, Presidente da Contraf-CUT.
Os ataques diretos ao movimento sindical no continente, com prisão e assassinato de lideranças, também foram discutidos durante o dia. “Ataques indiretos são feitos usando as leis dos países, os Congressos Nacionais inimigos dos trabalhadores. O retorno neoliberal que vem acontecendo em vários países lembra muito o golpe que tivemos agora no Brasil”, resgatou o presidente da Contraf-CUT.
O secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Mario Raia, conduziu a mesa de abertura dos trabalhos e apresentou moções em defesa da classe trabalhadora em toda a América. A vice-presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, declarou apoio a todas. “As moções defendem a democracia e o desenvolvimento sustentável. Não existe desenvolvimento sustentável sem democracia, sem paz e sem justiça social.”
Ele lembrou ainda que o Brasil passa um dos momentos mais difíceis da história recente. “Sofremos um golpe parlamentar, com apoio da mídia, de setores do judiciário e setores do empresariado. Tiraram a presidenta eleita democraticamente pelo voto popular, porque ela não quis implementar uma agenda neoliberal. O atual governo golpista está desfazendo todos os avanços que tivemos recentemente. O governo golpista está implementando uma agenda que jamais seria eleita pelo voto popular. Congelando os gastos com saúde, educação e segurança para os próximos 20 anos. Quer aprovar uma reforma trabalhistas para retirar direitos, aprovar a terceirização indiscriminadamente. Quer mudar nossa previdência. Mas tudo isso não está sendo sem resistência. Nós vamos continuar lutando sempre”.
A atual presidenta da UNI Finanças, Rita Berlofa, destacou a moção do fortalecimento do sindicalismo. “Somente um sindicato forte pode fazer frente aos ataques que estamos sofrendo em relação a retirada de direitos e da nossa democracia. Um sindicalismo forte tem que ter uma forte representação dos trabalhadores organizados. E tendo isso como foco, eu falo com muito orgulho do crescimento do sindicalismo da nossa região do setor de finanças. No Chile, Paraguai, Peru, Uruguai e Costa Rica. Estamos trabalhando fortemente para a unificação dos sindicatos do setor financeiro na Colômbia. Estamos com uma grande campanha de sindicalização em El Salvador e na Região do Caribe. O nosso grande desafio agora é organizar os trabalhadores norte-americanos. E nós vamos conseguir”, disse.
Mulheres
Neiva Ribeiro, secretária de Formação do Sindicato dos Bancários de São Paulo que foi eleita vice-presidenta da UNI Americas Mulheres – durante 5ª Conferência Regional de UNI Americas Mulheres, na terça-feira –, abordou as questões globais que envolvem as mulheres. “Não é possível ter uma América sustentável, sem que aja participação efetiva das mulheres na construção das políticas, sem que aja – de fato – participação política das mulheres nas tomadas de decisões. Pois, para fazer o enfrentamento necessário, as mulheres estão lado a lado com os homens na defesa dos direitos da classe trabalhadora. Portanto, temos que estar na elaboração política também. Para isso, temos de estar presentes nas entidades, no movimento sindical e nos parlamentos, onde se fazem as leis.”
UNI Américas
Roberto von der Osten ressaltou que o 4ª Conferência Regional da UNI Américas ainda vai discutir temas muito importantes. “Nestes dois dias vamos eleger a direção da Uni Américas, tirar moções e ações para fazer frente às tentativas de retiradas de direitos que estamos sofrendo por conta restauração neoliberal no continente. Estamos reafirmando a nossa unidade, nossa mobilização e a disposição de sindicatos de várias categorias de fazer uma luta unificada para defender direitos dos trabalhadores e trabalhadoras nas américas.”
A UNI Américas é o braço continental da Uni Global Union, sindicato que reúne entidades de diversas categorias profissionais de 140 países. O evento conta com 142 delegados de 126 sindicatos de 30 países. Além dos 106 observadores e 265 convidados. “Nós entendemos que para um sindicalismo forte, precisamos de uma forte representação dos trabalhadores organizados. Tendo isso como, eu falo com muito orgulho do crescimento do sindicalismo na nossa região do setor de finanças”, comemorou Rita Berlofa, bancária brasileira presidente da Uni Finanças.