IIIConfetrafiNE 3

Crédito: Seeb Paraíba
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Encontro debateu remuneração, emprego, organização do trabalho e sistema financeiro produtivo


Cerca de 200 bancários se reuniram neste final de semana para a Conferência Regional do Nordeste, realizada em João Pessoa. O evento é uma das etapas preparatórias da Campanha Nacional 2014. 

Em cada etapa regional, são definidas as reivindicações e estratégias que serão levadas à Conferência Nacional, que acontece no final de julho, em São Paulo, quando será fechada a pauta e a estratégia de mobilização. 

A mesa de debates, composta por representantes de sindicatos, da Contraf-CUT, CUT e CTB, foi aberta pelo presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcos Henriques. Ele destacou a importância do dirigente sindical como um agente transformador que não deve demonstrar medo ao expor o que acha. “A categoria bancária precisa se afirmar. A campanha salarial deste ano está quase aí e nossa resposta deve ser como muita luta e mobilização”, disse.

O presidente da Fetrafi/NE, Carlos Eduardo, ressaltou a necessidade da unidade dos bancários e reforçou a urgência de uma pauta ousada para uma campanha salarial vitoriosa. “O momento de greve é um momento de luta. Bancário tem que estar nas ruas e não apenas a agência fechada”, pontuou.

Depois de dois dias de palestras e debates, os participantes saíram do encontro com a certeza de que é preciso extrapolar a discussão corporativa. “É preciso que a gente se veja, não apenas como bancário, mas como trabalhador. E reflita sobre que projeto político a gente quer. Para isso a gente precisa ter uma visão do todo, até para perceber que cada um dos problemas que hoje afetam a categoria integra uma forma de organização do trabalho que não é específica dos bancos”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Jaqueline Mello.

7,5% de aumento real 

Na discussão sobre remuneração, por exemplo, insere-se o debate sobre redistribuição da renda do grupo econômico que mais lucra no país: os banqueiros. Os bancários nordestinos levam para a Conferência Nacional a reivindicação de um índice de 7,5% de aumento real. 

“Até porque um dos eixos das discussões sobre remuneração é a valorização do salário, muito mais do que as várias formas de remuneração variável”, completa Jaqueline. Segundo ela, a implantação de Planos de Cargos e Salários em todos os bancos é outra demanda importante no que se refere à remuneração.

Mais que salário 

A discussão sobre remuneração é, no entanto, apenas uma das pontas que se revelam da organização do trabalho. As reestruturações e mudanças que afetam a categoria (com introdução de tecnologias e segmentação de agências); a discussão sobre emprego (terceirização, rotatividade, correspondentes bancários); o debate sobre condições de trabalho (metas abusivas, assédio moral, adoecimento)… todos estes pontos foram analisados como partes de um mesmo sistema.

Para os participantes, ficou a certeza de que a regulamentação do sistema financeiro e a redefinição dos papéis dos bancos públicos são essenciais para que se mude a forma de organização do trabalho nos bancos. Ao mesmo tempo, para que se garanta avanços nestes pontos, é preciso haver, entre outras coisas, reforma política e democratização dos meios de comunicação. 

Além do umbigo 

Esta importância de se pensar as questões de forma integrada perpassou os vários debates da Conferência. Foi o caso da palestra sobre paridade de Wilma Martins, vice-presidenta da Comissão de Direitos Humanos da UFPB. Mais do que falar sobre a discussão de gênero no movimento sindical, a pesquisadora tratou da paridade como democratização das relações humanas, inserida em uma discussão de classe e de projeto político.

Um momento emocionante foi vivido pelos participantes na abertura do evento, sexta-feira, dia 16, quando se lembrou os 50 anos do golpe militar. O ex-bancário Derly Pereira e José Calistrato, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) falaram sobre a experiência de terem sido presos políticos e torturados durante o regime totalitário, instaurado em 1 de abril de 1964 até 15 de março de 1985. 

Derly, preso em duas ocasiões, chegou a ser considerado como um ‘morto-vivo’ e perdeu, inclusive, todos os direitos como cidadão. Mas o depoimento mais emocionante foi o de José Calistrato. Membro da ALN, ele sofreu diversas tentativas de assassinato e foi barbaramente torturado. Mas afirmou: “não deixo nunca de lutar”.


Fonte: Seec Pernambuco e Seeb Paraíba