A Prevenção do Suicídio foi o tema do II Encontro de Saúde Mental dos Bancários da Paraíba, realizado por videoconferência, através da plataforma Zoom, na noite desta quinta-feira (23). O evento, que faz parte do Setembro Amarelo, foi coordenado pelo presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Lindonjhonson Almeida, e teve como palestrantes a professora Dra. Thaís Máximo e o empregado da Caixa Econômica Federal, Danilo Peixoto, que discorreram sobre o tema do encontro.

A Dra. Thaís Máximo, que já participou de diversos eventos da espécie, inclusive coordenando uma pesquisa sobre a saúde mental dos bancários durante a pandemia, fez alusão ao movimento de mudança constante de como o trabalho se modifica e de como essa adaptação gera problemas através da cobrança excessiva, da agressividade dos gestores e do clima de concorrência interna. Segundo ela, esse cenário traz um esfacelamento das relações e, consequentemente, aprofundam os transtornos mentais no trabalho.

“No contexto de prevenção ao adoecimento mental é necessário pensar na realidade do trabalhador. Temos que identificar os primeiros sintomas, pois os trabalhadores têm adoecido muito. Esse sofrimento traz características que estão relacionadas a uma individualidade que dá ao trabalhador a sensação de que isso não é um sintoma legítimo. Quem nunca escutou a expressão ‘ah, isso é psicológico’, como se o adoecimento não começasse justamente por aí”, alertou.

A cobrança pelo cumprimento de metas é a origem de muitos problemas para o trabalhador, principalmente quando a empresa prioriza a quantificação em detrimento da qualidade do trabalho. Na análise da professora Thaís, a flexibilização da jornada de trabalho pode, muitas vezes, se revestir de exploração em novos formatos. “Você não vai precisar cumprir expediente, mas vai trabalhar com metas a serem alcançadas. Esse cenário vem cercado de mais pressão e incertezas. Com isso, esse sentimento de insegurança gera um enfraquecimento dos profissionais, uma vez que passam a ser tratados como máquinas e não como seres humanos. Nesse contexto, a relação de sujeito com o trabalho pode gerar uma descompensação patológica com uma falta de equilíbrio em meio a muitas questões”, avaliou.

O esfacelamento das relações sociais no trabalho, através dos meios de avaliação individual, entre outros elementos, gera um cenário de falta de acolhimento, quando além do peso do trabalho, ainda existe a desconfiança e a competição. Como podemos ajudar esses trabalhadores a recuperar seus espaços, para que haja o resgate dos momentos de cooperação? A pandemia escancarou o adoecimento mental, com o isolamento, a pressão e todos os fatores estressantes.

“Para intervir, a gente precisa atuar de forma preventiva ao reconhecer os primeiros sintomas do sofrimento psíquico. Se a gente não consegue perceber isso não se consegue lidar com a prevenção. Uma das grandes influências sobre esse adoecimento são as gestões agressivas contra os trabalhadores. O ideal é que se caminhe para formas de gestões participativas, que considerem o engajamento do trabalhador, que é um ser humano e não uma máquina”, disse.

No segundo momento da palestra, o bancário Danilo Peixoto falou sobre os caminhos a percorrer para ajudar na solução de problemas sofridos pelo trabalhador, o que deve se evitar numa abordagem e compreender que estamos lidando com um ser sistêmico. “Uma teia de fatores precisa ser observada, é necessário restaurar os pilares que nos integram de volta à energia vital, pois precisamos estar em equilíbrio com nosso corpo e nossa mente. A prática de atividade física, as relações familiares, a rotina de autocuidado, o envolvimento com ações filantrópicas e a busca de tratamento psicológico através de terapias são fundamentais para a pessoa conseguir vencer o desequilíbrio da questão orgânica da depressão e se preparar melhor para as adversidades decorrentes da rotina nas relações de trabalho e de vida”, explicou.

Danilo também citou os números da incidência de doenças mentais sobre a classe trabalhadora no mundo e no Brasil, ressaltando os efeitos negativos da pandemia sobre o adoecimento da categoria bancária. “No primeiro encontro, quebramos o tabu e falamos sobre o suicídio, como identificar uma pessoa transtornada, como acolher e como orientá-la a não tirar a própria vida. E nesse processo, é fundamental ter empatia e saber ouvir a bancária e o bancário que necessitam de ajuda, principalmente durante a pandemia que ainda não acabou e as incertezas com o iminente retorno da categoria ao trabalho presencial”, arrematou.

Lindonjhonson Almeida, presidente do Seeb – PB, agradeceu a todos e todas que participaram virtualmente do encontro, que foi avaliado positivamente. “É muito importante debatermos as questões que impactam a nossa categoria profissional, cuja atividade é altamente estressante e expõe a bancária e o bancário ao adoecimento, inclusive às doenças mentais, dentre elas a depressão, que pode levar ao suicídio. E precisamos estar preparados para acolher e orientar quem buscar a ajuda do sindicato, bem como preparar a nossa base para agir corretamente nesses casos. Avaliamos o evento como muito positivo, tanto pela plenária virtual qualificada quanto pela participação de palestrantes do nível da Dra. Thaís Máximo e do companheiro Danilo Peixoto”, concluiu.