O Banco Central (BC) nomeou ontem uma comissão de inquérito para apurar irregularidades no Banco Cruzeiro do Sul e nas empresas controladas do grupo – Cruzeiro do Sul Holding Financeira, Cruzeiro do Sul Corretora de Valores, Cruzeiro do Sul DVTM e Cruzeiro do Sul Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros.

Toda decretação de regime especial, seja intervenção, liquidação ou Regime de Administração Especial Temporária (Raet), é seguida pela nomeação de uma comissão de inquérito para apurar os problemas numa instituição financeira.

As empresas estão em Raet, decretado pelo BC em 4 de junho. O Banco Cruzeiro do Sul tem sede em São Paulo e as demais empresas, no Rio de Janeiro.

A comissão terá prazo de quatro meses para investigar as irregularidades.

Os funcionários do BC Clóvis Vidal Poleto e Amadeu João Caparroz foram nomeados, respectivamente, presidente e relator da comissão. Alan Brito Canal e Maria Aparecida Pereira, também servidores da instituição, serão os secretários.

Na sexta-feira, os cotistas do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) BCSul Verax Crédito Consignado II, que tem como lastro créditos consignados originados pelo Banco Cruzeiro do Sul, aprovaram a liquidação do portfólio.

Conforme previsto no regulamento do fundo, a liquidação foi acionada após a instauração do regime de Raet na instituição.

A Oliveira Trust, administradora do portfólio, informou que iniciará a amortização dos ativos em regime de caixa e o pagamento aos cotistas será realizado todo dia 15 de cada mês, proporcionalmente à participação de cada um no fundo.

Em maio, o fundo contava com patrimônio líquido de R$ 285,017 milhões, e reunia 38 cotistas seniores, detentores das cotas distribuídas no mercado. Esses investidores, grande maioria formada por fundos de pensão e Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) de Estados e municípios, terão preferência no recebimento dos pagamentos.

O fundo Consignado II contava com grande participação de cotas subordinadas, que pertencem ao Cruzeiro do Sul, e que respondiam por 41,9% da carteira em março, sendo as primeiras a absorver as perdas em caso de inadimplência.

Os créditos em atraso no FIDC Consignado II respondiam por 5,74% do portfólio e somavam em maio R$ 16,422 milhões.

A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou os ratings atribuídos às cotas seniores da quinta série do fundo de ‘A3.br’ para ‘B1.br’. A Standard & Poor’s também colocou em observação negativa para possível rebaixamento a nota de crédito das cotas seniores do fundo.

Fonte: Valor EconômicoMurilo Rodrigues Alves e Silvia Rosa

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