O Industrial & Commercial Bank of China (ICBC), o banco com maior valor de mercado no mundo (US$ 242,1 bilhões), planeja se instalar no Brasil no rastro de sua expansão internacional, disse ontem ao Valor seu presidente, Jiang Jianqing. "Temos planos de operar diretamente no Brasil, mas a forma como isso ocorrerá ainda está em aberto", afirmou o representante chinês depois de fazer a principal palestra do encontro de primavera da associação dos bancos, o IIF, ontem em Viena.

O segundo maior banco chinês, o Banco da China, também vai atuar no mercado brasileiro. No final de março último, o Banco Central autorizou a instituição a iniciar suas operações no país.

O ICBC, por sua vez, tem planos de abrir cinco novas filiais na Europa e terminar o ano instalado em 21 países através de 108 filiais. Sua presença no Brasil pode encorajar os investidores chineses e asiáticos em geral a entrar mais decisivamente no Brasil e no resto da América Latina.

O ICBC tem ativos totais de US$ 1,430 trilhão e é o maior fornecedor de crédito na China. É controlado majoritariamente pelo governo chinês, mas um de seus acionistas minoritários é o banco americano Goldman Sachs, de triste reputação.

Quando uma autoridade chinesa fala, todo mundo presta atenção. E ontem não foi diferente no encontro dos banqueiros, em Viena. Jiang Jianqing foi apresentado à plateia sob uma saraivada de elogios por um dos dinossauros de Wall Street, William Rhodes, do Citibank, um dos poucos que alertou sem cessar em 2007 que o sistema financeiro estava indo contra o muro.

Em seu discurso em chinês, Jianqing insistiu que a recuperação da economia mundial está longe de ser sólida. Chamou atenção para vários fatores de incertezas e um longo caminho para se alcançar crescimento sustentável.

Para ele, "o maio risco no curto prazo é a crise da dívida soberana na Europa", e algumas economias avançadas não têm muito espaço de manobra em suas politicas". E alertou que uma saída laxista das medidas de estímulo fiscal pode causar uma "reversão de tendência na recuperação global".

Como a maioria dos banqueiros na plateia, Jianqing também se mostrou preocupado com a regulação bancária futura. Notou que os emergentes estão assumindo maior importância na economia global e aconselhou os outros países a tirarem lições da experiência de países em desenvolvimento.

Fonte: Bloomberg / Jerome Favre

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