Três anos depois da solicitação ao Banco Central brasileiro, o Banco da China abre as operações no Brasil. Com US$ 60 milhões de capital inicial, o banco escolheu o país como sua porta de entrada na América Latina e pretende atuar diretamente no comércio bilateral, fornecendo recursos às companhias chinesas que desejam entrar no Brasil, bem como às companhias brasileiras em expansão para o mercado chinês.

Em evento do lançamento da instituição no país, o vice-presidente do banco, Chen Siqing, em conjunto com o presidente do banco no Brasil, Zhang Jianhua, enfatizou o fato de ser o primeiro banco chinês a ter atuação direta na América do Sul. "Nós somos o banco mais internacionalizado da China. Atuamos em 29 países em diversas regiões", afirmou o executivo. O banco opera na China desde 1912 e hoje é o segundo maior banco em ativos do país.

O pedido do Banco da China para entrar no Brasil vinha sendo analisado pela autoridade monetária brasileira desde 2007. Entre o fim de 2008 e início de 2009, foi aprovada a entrada da instituição chinesa, que abriu os primeiros escritórios em São Paulo em julho de 2009, ainda em fase de pré-operação. O banco nega que tenha havido atraso no início das operações e enfatiza que houve demora do Banco Central.

Em um setor, como o mercado financeiro brasileiro, onde a regulamentação é forte e a competição é grande, o banco da China se diz apto a encarar os desafios. "Concordo que o mercado financeiro brasileiro é maduro, mas o Banco da China está entusiasmado para participar deste mercado e seguir os regulamentos", afirmou Siqing.

Entre as vantagens competitivas do banco, seu vice-presidente destacou a capacidade de gestão de riscos, fator importante nos mercados latinos, e a possibilidade de "escolher os clientes". "Nós vamos escolher as melhores empresas chinesas que querem entrar no mercado brasileiro e vamos escolher as brasileiras que têm mais relações econômicas com a China", disse o executivo.

No caminho nas terras latino-americanas, a estratégia da instituição será a de apoiar ao segmento jurídico, aproveitando os mais de US$ 100 bilhões que circulam por ano no comércio entre a China e a região, além dos serviços financeiros oferecidos aos chineses que moram nos países latinos. A expansão para outras regiões brasileiras e para outros países na América Latina também já é discutida.

Ao ser questionado com relação ao valor de capital inicial, pequeno diante dos cerca de US$ 1 trilhão em lucro líquido que o banco apresentou em 2009 em suas operações globais, Siqing destaca a atenção que a matriz dá às operações brasileiras e afirma que o banco tem intenção de colocar mais recursos na sucursal, "conforme o desenvolvimento do negócio".

Fonte: Valor Econômico /  Vanessa Dezem, de São Paulo

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