Pioneiro na concessão de microcrédito, o Grameen Bank, do bengalês Muhammad Yunus, tem filiais em 44 países e rendeu ao seu fundador o Nobel da Paz em 2006. Nos últimos meses tem se falado sobre a chegada da instituição financeira ao Brasil, mas por enquanto o projeto está apenas no papel.

O nome escolhido para estruturar a operação no País foi o de Henrique Flory, pesquisador da área, que neste mês se despede do Brasil rumo aos Estados Unidos, onde vai estudar. Mas o especialista vai continuar ligado a projetos do Grameen Bank. O nome do substituto será anunciado nos próximos dias.

Segundo Flory, o projeto brasileiro só deve estar totalmente estruturado e começar a operar em 2011. Uma das formas de se instalar no País, de acordo com Flory, poderá ser por meio de parceria com uma instituição financeira já instalada no Brasil. "Não vamos nos constituir no começo como banco", explica. Todos os bancos privados já foram procurados por Flory, mas por enquanto são apenas conversas.

Oportunidade. Enquanto o Grameen Bank define sua estratégia para o Brasil, o Santander tem acelerado a expansão dos empréstimos para microcrédito e atualmente usa 70% dos depósitos à vista.

Cerca de 80% da carteira do banco se concentra no Nordeste. O restante dos recursos está distribuído entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

De 2002, quando começou a operar com a linha de crédito, até dezembro do ano passado, a instituição desembolsou R$ 700 milhões. Neste ano, segundo Jerônimo Ramos, superintendente de Microcrédito, os recursos serão de R$ 280 milhões, crescimento de 30% sobre 2009.

No Santander, os empréstimos vão de R$ 200 a R$ 15 mil, com parcelamento em até 18 meses e taxa de juros de 2% – o teto do que prevê a regulamentação do Banco Central para o microcrédito. É a principal diferença para outras modalidades de financiamento e, ao mesmo tempo, um ponto controverso.

Para Flory, "operações de microcrédito com fins lucrativos são agiotagem". "Não se trata de fazer operações de caridade ou a fundo perdido, mas o resultado tem de ser suficiente apenas para se reinvestir em mais financiamentos para a baixa renda", analisa.

O superintendente do Santander opina: "A razão maior do lucro com o microcrédito é que seja uma operação sustentável. Não podemos olhar só o aspecto econômico."

Alavanca da expansão. Uma das características do tomador de recursos do microcrédito, segundo Ramos, é que ele se empenha em liquidar antes do prazo o empréstimo para poder pegar mais dinheiro e continuar a investir no negócio. Para a situação não fugir ao controle, o Santander procura orientar para que as parcelas não ultrapassem 35% da renda.

"O estímulo para o crescimento do microcrédito está no fato de o brasileiro ter um potencial empreendedor grande. É um programa de geração de renda voltado a pessoas que estão afastadas das linhas de crédito tradicionais", explica Ramos.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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