Banco do Brasil e Banco Patagônia acertam os detalhes finais sobre o preço que será pago pelo brasileiro para a compra de parte da instituição argentina. O negócio, que deve ser anunciado ainda em março, já deveria ter sido fechado há algumas semanas. A assinatura do contrato, porém, teve de ser adiada porque a recente desvalorização de ativos do país vizinho reduziu a proposta do BB por pelo menos metade do Patagônia.

Nos últimos dias, a negociação voltou a avançar e o tema está sendo resolvido diretamente com a família Stuart Milne, que controla a instituição.

Os problemas que provocaram atraso nas negociações começaram em janeiro, disse uma fonte da equipe econômica à Agência Estado. Enquanto a diretoria do BB acertava uma proposta para compra de parte do banco argentino, o valor de mercado dos ativos daquele país, em especial os títulos da dívida do governo, começou a cair rapidamente.

A desvalorização foi resultado da briga entre a presidente Cristina Kirchner e o então presidente do Banco Central argentino, Martín Redrado.

Cristina queria parte das reservas internacionais para pagar a dívida da Argentina, mas a autoridade monetária rejeitou o plano.

Além de Redrado ? que teve de deixar o cargo ? , quem também sentiu a briga foram os papéis da dívida argentina que chegaram a cair mais de 5% em apenas um dia.

Diante do quadro, a consultoria que assessora o BB no negócio passou a atualizar para baixo o valor de mercado do Patagônia, já que, como toda instituição financeira, o banco argentino tem volume expressivo de títulos governamentais na carteira. A redução da proposta de compra fez com que a família Stuart Milne ? detentora de 49,94% do capital do banco ? passasse a discordar do valor proposto pelo BB por não aceitar o desconto aplicado aos títulos da carteira do Patagônia.

NEGOCIAÇÃO

Nas últimas semanas, com a recuperação do valor dos papéis argentinos, a negociação voltou a evoluir e o impasse parece ter ficado para trás. Agora, a expectativa da equipe econômica brasileira é de que o negócio seja fechado nas próximas semanas, ainda neste mês.

Estão na mesa de negociação, as ações dos irmãos Jorge e Ricardo Stuart Milne que, juntos, detêm 49,94% do capital do banco argentino. Há, ainda, a possibilidade de o BB adquirir os papéis de Emilio Gonzalez Moreno dono de 9,26% das ações da instituição.

Juntos, os três sócios formam o bloco de controle do banco com 59,2% do capital do Patagônia.

Uma fonte no mercado argentino disse que o Patagônia foi avaliado em cerca de US$ 1 bilhão, o que levaria o BB a desembolsar US$ 500 milhões só para obter as ações da família Stuart Milne.

Fonte: O Estado de São Paulo / Fernando Nakagawa, Marina Guimarães

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