De acordo com o vice-presidente de Atacado do banco, Allan Toledo, a necessidade de se ter um atendimento dedicado a esse segmento decorre do próprio crescimento dessas companhias nos últimos anos. A carteira de crédito, por exemplo, supera os R$ 100 bilhões.
A alteração vai melhorar o atendimento não só das maiores companhias, avalia Toledo, como também das menores. "As grandes empresas tomavam muito espaço das menores. Com o foco específico, mais adequado, podemos atender a cada tipo de cliente de acordo com a necessidade de cada segmento", disse.
Sandro Marcondes, diretor da área de atacado, afirma que o BB fez um amplo estudo da base de dados, para mapear o comportamento e a demanda dos clientes e esse projeto deu origem à nova divisão. "Identificamos, usando nosso conhecimento, o tipo de sofisticação que cada segmento demanda", disse.
A nova superintendência, que será sediada em São Paulo, onde estão 70% dos clientes, ficará a cargo do executivo Rogério Panca, antigo chefe da área de operações estruturadas do BB. Serão sete agências, seis delas no Estado. A única exceção é uma unidade no Rio de Janeiro, para atendimento da Petrobras.
A área contará com 70 gerentes, separados por segmentos econômicos. Todos os serviços prestados pelo BB, como a gestão de caixa e a administração dos pagamentos para esses clientes também ficarão apartados em um estrutura exclusiva, para agilizar o atendimento.
Assessoria às fusões e aquisições e o apoio à cadeia produtiva desses grupos também fazem parte das atribuições da nova superintendência.
De olho nos projetos de infraestrutura, que demandam soluções específicas de financiamento, o banco também criou uma terceira divisão na área de operações estruturadas (project finance). Dois segmentos continuaram cuidando das empresas de grande e médio portes, enquanto a nova área ficará dedicada apenas ao "Large Corporate".
"Estamos preparados para atender a demanda dos grandes projetos ligados à infraestrutura e mobilidade urbana dos grandes eventos como Copa do Mundo e Olimpíada, além do pré-sal", disse Toledo. A área tem em análise R$ 60 bilhões em projetos, dos quais R$ 20 bilhões poderão ser financiados pelo BB.
A criação do "Large Corporate" também está em linha com a estratégia de internacionalização do banco estatal. O BB que ser responsável pelo atendimento global dessas companhias em todos os países em que elas estão presentes.
O mercado de capitais é outro flanco que será coberto. A compra de uma corretora, que continua no radar do BB, deve casar com a estratégia de atendimento dedicado aos maiores grupos empresariais brasileiros.
A divisão de atacado do BB, que atende empresas com faturamento acima de R$ 400 milhões, ganhou importância nos últimos anos. O estoque de empréstimos pulou de R$ 22 bilhões, em 2005, para R$ 135 bilhões no ano passado, quase um terço da carteira do BB. Essas companhias têm ainda, em investimentos no banco, ativos superiores a US$ 116 bilhões.
O embrião do segmento de atacado é bastante recente na história do BB. Começou em 1996, chamado de Unidades de Negócios Corporativos, dentro das grandes agências do banco, nas capitais dos Estados. Dois anos depois, migrou para as superintendências regionais e somente em 2002 essas unidades viraram uma estrutura unificada com gestão própria.
A divisão de "Large Corporate" começa a operar em março. O banco já começou o trabalho de comunicação com os clientes e de reforma da sede para acomodar a equipe, que crescerá.
A divisão "Corporate", que atende a empresas que faturam até R$ 2 bilhões, terá 11 agências, sendo cinco em São Paulo.
A "Empresarial", para companhias com receitas anuais de até R$ 600 milhões, subdividida em três segmentos regionais, terá 66 unidades de atendimento. No total, a área de atacado tem 550 gerentes de conta, que atendem 11 mil grupos empresariais, compostos por mais de 30 mil empresas.
Fonte: Valor Econômico / Fernando Travaglini