A agressividade demonstrada na terça-feira (31) pelo Banco do Brasil (BB) no leilão para operar o Banco Postal, serviço de correspondente bancário dos Correios, encontra reflexos também nas metas que a maior instituição financeira do país pretende atingir com a nova parceria. Nos cinco anos de vigência do contrato, contados a partir de janeiro de 2012, o BB planeja abrir de 9 a 10 milhões de contas correntes – ou seja, o dobro dos 5 milhões de clientes conquistados pelo Bradesco durante os nove anos em que operou o serviço.

Alexandre Abreu, vice-presidente de distribuição do Banco do Brasil, não especificou, porém, se esse volume de clientes virá, em parte, daqueles que hoje são do Bradesco. Da mesma forma, o executivo evitou falar de estratégias para reter esse público. "Ainda estamos estudando a melhor forma de abordagem." No site do Banco Postal, consta a informação de que são abertas, diariamente, cerca de 5 mil contas.

O Banco do Brasil trabalha com a expectativa de retorno do investimento feito no Banco Postal em 2013. Portanto, até o fim de 2012, os R$ 2,8 bilhões a serem desembolsados pelo BB – R$ 2,3 bilhões pelo lance dado no leilão e R$ 500 milhões referentes ao uso da rede dos Correios – deverão voltar para o banco estatal.

Embora a resposta dos investidores ao leilão não tenha sido das melhores – as ações ordinárias do BB caíram 0,88% na terça-feira, em dia de alta do Ibovespa -, Abreu rebate a avaliação de que o preço pago para operar o Banco Postal por cinco anos tenha saído caro. "Tanto que o atual operador [Bradesco] colocou um preço no leilão muito próximo do nosso", afirma.

Além disso, o investimento para expandir a própria rede de agências do BB e estar presente em todos os municípios brasileiros até 2015, plano original do banco, seria de cerca de R$ 2,5 bilhões, segundo Abreu. "Sabíamos que a disputa seria acirrada e pagamos um preço dentro do limite técnico", diz o executivo, sem entrar em detalhes do que seria o tal limite.

Com uma rede própria de agências cobrindo atualmente 3.170 municípios brasileiros, o Banco do Brasil passa a ter presença em outros 2.170 municípios assim que começar a operar também por meio do Banco Postal. Faltam ainda 225 municípios para alcançar 100% de abrangência nacional.

A perspectiva inicial era atingir a meta em 2015, quando seria concluída a expansão da rede própria por meio de um modelo compacto de agências. Esse objetivo agora vai ser antecipado, mas os executivos do BB ainda não têm uma data estabelecida. "Não fizemos a revisão porque tudo ainda é muito novo", justifica Abreu.

A grade de produtos à disposição dos clientes do Banco Postal vai aumentar. Um exemplo é o financiamento imobiliário do programa de governo Minha Casa Minha Vida,para famílias com renda de até três salários mínimos, cuja autorização para operar foi dada ao BB há um mês.

Em tempo: 93% dos correntistas dos Banco Postal têm renda de até três salários mínimos. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), de financiamento a projetos individuais ou coletivos, vai passar também a ser oferecido pelo BB por meio do Banco Postal, bem como outras linhas de crédito rural e o chamado microcrédito.

Fonte: Valor Econômico  / Aline Lima

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *