Jose Henrique Silva, que participou ontem de um almoço com executivos do setor na Associação de Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi) no Rio, explica que o incorporador e o cliente podem decidir em que momento do cronograma da obra o financiamento pode ser feito.
"Isso dependerá dos custos com mão de obra, do material de construção, entre outros. Porque, quando o cliente for financiado pelo banco, vai substituir o reajuste vinculado ao INCC (índice nacional da construção civil) pela TR mais uma taxa. O financiamento será completo desde a construção, sem precisar trocar quando houver o habite-se". Silva explica que a decisão do momento em se liberar o financiamento ao comprador depende de um ajuste no cronograma físico e financeiro da obra.
As novas linhas de crédito imobiliário têm o objetivo de fazer o BB ganhar mercado frente às instituições privadas que não as oferecem. Hoje, depois de três anos no mercado, o Banco do Brasil está em quinto lugar no ranking de financiamentos imobiliários, atrás da Caixa, do Itaú, do Bradesco e do Santander. "Mas o BB tem R$ 360 bilhões em recursos para financiar imóveis. O banco quer, em três anos, deter entre 10% e 15% do mercado, passando os bancos privados".
O executivo conta que, desde 2008, o banco já financiou R$ 5 bilhões, sendo que o desembolso total, nos próximos dez dias, deve atingir R$ 1 bilhão. "A velocidade de desembolso do banco vem crescendo mês a mês. Há um ano ela era de 800 imóveis mês. Em maio, já atingiu dois mil imóveis."
Para entrar com força nesta concorrência o banco também já estuda financiar a compra dos terrenos para as construtoras de médio porte. "Hoje já fazemos isto para as grandes construtoras, mas através de capital de giro. Temos que achar um meio de fazê-lo para as menores", afirma o executivo do banco público. Além disso, o banco também aceitará investidores estrangeiros nas Sociedades de Propósito Específico (SPE). "Se um dos sócios nacionais tiver as garantias e experiência de três anos, como exige o financiamento, não há problemas", explica.
O presidente da Ademi e da construtora Concal, José Conde Caldas, comemora as novas linhas oferecidas pelo Banco do Brasil. "Como o mercado está aquecido, precisamos de mais crédito para financiar as obras e também gerar mais empregos". Segundo ele, há oito anos, as construtoras do país lançavam 100 mil imóveis, sendo que apenas 30 mil dentro do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), o restante eram populares. No ano passado, foram um milhão lançados, sendo que 470 mil no SBPE.
Fonte: Valor Econômico / Paola Moura