Fim das metas abusivas e Gestão de Desempenho Profissional geraram os maiores debates entre o banco e a representação dos trabalhadores, que convoca protesto para segunda-feira (17) – Na reunião entre a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) e o banco, ocorrida na manhã desta sexta-feira (14), por videoconferência, o debate sobre a cobrança de metas abusivas e a Gestão de Desempenho Profissional (GDP) foram os temas que geraram o maior debate na mesa de negociações dos temas relacionados à saúde e condições de trabalho. As negociações com o Banco do Brasil fazem parte da Campanha Nacional dos Bancários 2020 e da renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) dos funcionários.
“Nós já tínhamos discordância com o modelo de GDP do banco, que vem sendo desfigurado ano a ano. Mas, querer alterar a cláusula 49 do nosso acordo coletivo para facilitar o decomissionamento é inaceitável. É querer ampliar ainda mais a pressão sobre os funcionários pelo cumprimento de metas e dar respaldo à redução de remuneração que vem sendo colocada em pauta pelo ministro da Economia e o governo federal”, disse o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.
O banco levantou a possibilidade de reduzir o prazo de observância de três para apenas um ciclo de avaliação para retirada da comissão de função.
Discurso X prática
“Não adianta o banco fazer um discurso bonito de que não tolera qualquer tipo de assédio e que dispõe de mecanismos de denúncia desta prática e, em seguida, apresentar uma proposta que dá respaldo e ferramentas para que o assediador cometa o ilícito”, criticou o coordenador da CEBB.
O banco alegou tratar-se de uma medida de gestão que visa dar isonomia de tratamento com os gerentes gerais, que podem perder a comissão após um ciclo de avaliação de desempenho.
“Concordamos com a isonomia. Mas, queremos que ela seja no sentido de ampliar o período de avaliação dos GGs para três ciclos. Todos podem enfrentar um período ruim. Mas, isso não significa que eles sejam maus funcionários. Não é justo alguém ser penalizado por um mau resultado”, ponderou Fukunaga. “Mesmo neste período de isolamento social, os funcionários estão atentos. Se o banco insistir neste ponto, vamos mostrar que a distância não limita nossa capacidade de mobilizar a categoria e a sociedade contra mais este ataque aos trabalhadores”, completou.
Uma primeira atividade contra a possibilidade de o Banco do Brasil retirar direitos será realizada na segunda-feira (17), às 14h. Os funcionários serão convidados a trabalharem (em casa ou in loco) e a postarem fotos vestidos de preto com a hashtag #Sem3GDPSemAcordo. “A melhor rede social para fazer pressão sobre o banco é o Twitter, mas todas as redes podem ser usadas mostrarmos nossa indignação”, disse Fukunaga. A Contraf-CUT publicou vídeos com dicas de como criar uma conta e redigir uma mensagem no Twitter para aumentar o alcance das mensagens.
Metas X assédio moral
Ao ser questionado sobre o uso da cobrança de metas como forma de assédio aos funcionários, o banco afirmou que “repudia qualquer tipo de assédio e que a prática não é tolerada no banco”. O banco disse ainda que a orientação aos funcionários é a utilização dos mecanismos disponíveis para denúncias e que todas elas serão analisadas para que a situação seja sanada. Disse também que todo gestor precisa ter passado pela trilha de capacitação, que inclui a formação sobre a intolerância ao assédio e a todas as formas de discriminação, que induz boas práticas de comportamento, que agrega não apenas para o trabalho, mas para a vida. O banco lembrou também que, além da ouvidoria, existe um protocolo de prevenção de conflitos firmado com o sindicato.
Com relação à cobrança de metas, a representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Minas Gerais (Fetrafi/MG), Luciana Bagno, disse haver dois movimentos que afetam tanto quem está em home office quanto quem está trabalhando na linha de frente das agências e departamentos do banco. “Muitos gestores não tem habilidade para fazer cobranças e acabam exagerando. Quem é do grupo de risco e está em home office é ameaçado de ser tirada a possibilidade de trabalhar em casa e ter que compensar as horas não trabalhadas. Quem está na linha de frente, em especial os gerentes de PSO, está sendo cobrado por metas individuais sem ter como cumpri-las”, disse. “Não é uma crítica à meta em si, mas à forma com que ela vem sendo cobrada”, completou.
“Não temos uma proposta de solução sobre a questão das metas, mas pontos que devem ser debatidos para que a gente busque, em conjunto, encontrar soluções”, destacou a secretária de Juventude e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fernanda Lopes, depois que representantes de diversas federações sindicais expuseram situações vivenciadas no cotidiano de trabalho dos funcionários em todo o país.
Outras cláusulas
A representação dos funcionários também destacou a importância do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), regulamentado pela Norma Regulamentadora nº 7, assim como a forma de sua construção. “É importante que o PCMSO seja feito de uma forma sinérgica entre o banco, os funcionários e a Cassi (Caixa de Assistência). Temos contribuições importantes que podem ajudar na melhoria da saúde laboral”, afirmou a representante da Federação dos Estabelecimentos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb/SP-MS), Elisa Ferreira.
Os trabalhadores também cobraram a produção conjunta da cartilha de orientações aos funcionários sobre os passos que devem ser dados nos casos de afastamentos para tratamento de saúde.
A representação dos funcionários também levantou questões dos egressos de bancos incorporados que precisam ser debatidas na mesa de negociações, como, por exemplo, o acesso ao Programa de Assistência Social, que é restrito aos associados da Cassi ou da Previ. Uma mesa específica para tratar do tema será instalada logo após o fim da Campanha Nacional.
Próximas reuniões
As próximas reuniões com o banco ocorrerão na segunda-feira (17). Das 14h às 16h, o debate girará em torno das reivindicações sobre Igualdade de Oportunidades e demais Cláusulas Sociais, como parte das negociações da Campanha Nacional. Em seguida, a partir das 16h, será realizada uma mesa de negociações específica para tratar de questões relacionadas às medidas de prevenção à Covid-19.
Fonte: Contraf-CUT