Para tentar recuperar o espaço perdido para os bancos públicos durante a crise, as instituições privadas estão turbinando a concessão de empréstimos nos últimos meses.
No primeiro trimestre, o saldo de operações de crédito nos bancos privados nacionais aumentou 3,7% em relação ao fim de 2009, enquanto no setor estatal o crescimento foi de 2,6%, segundo o Banco Central.
O resultado significa uma expansão de R$ 20,936 bilhões na carteira privada no período, frente a uma elevação de R$ 15,371 bilhões no grupo dos públicos, que ainda assim mantém a liderança do mercado com uma folga de R$ 12,5 bilhões de diferença.
Para o presidente da Austin Rating, Erivelton Rodrigues, o movimento de reposicionamento dos bancos privados no mercado de crédito após a turbulência global deve continuar de forma agressiva neste ano.
"Com o total de operações subindo entre 25% e 28% em 2010, as concessões do segmento devem superar inclusive as do setor estatal", afirma.
Em 2009, as instituições estatais registraram um crescimento de 31,1% no saldo de concessões, tomando a liderança no mercado das privadas nacionais, cuja carteira se alargou em apenas 8,7%.
"Mas a própria queda na inadimplência nos últimos meses também dá lastro para uma ampliação dos financiamentos, uma vez que o saldo de provisões de risco nos bancos públicos [recursos guardados para garantir eventuais perdas do montante emprestado] deve diminuir em relação ao ano passado", diz Rodrigues.
O percentual de empréstimos ao consumidor com atraso superior a 90 dias caiu em março para 7%, contra 7,8% em dezembro de 2009. No crédito concedido às empresas, a inadimplência recuou de 3,8% para 3,6% no mesmo período.
O estoque total de crédito no país cresceu 1,1% no mês passado e atingiu R$ 1,452 trilhão, o equivalente a 45% do PIB (soma de todos os bens e serviços produzidos no país) previsto para este ano.
Os dados do BC mostram ainda que os juros de empréstimos para pessoa física caíram no mês passado, atingindo 41% ao ano. Em março de 2009, a taxa média era de 55%.
Juros em alta
Em março houve uma pequena alta na taxa média cobrada de empresas (de 25,9% para 26,3%). Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o aumento ocorreu porque o nível mais elevado da atividade produtiva acarreta crescimento nas concessões em modalidades mais caras, como desconto de duplicatas.
O resultado preliminar de abril indica alta nos juros ao consumidor -42,2% até o dia 15. Segundo Lopes, isso reflete a expectativa de alta da Selic, confirmada anteontem (elevação de 0,75 ponto percentual).
Para o presidente da Anefac (Associação dos Executivos de Finanças), Andrew Frank Storfer, isso pode diminuir a quantidade de crédito disponível, pressionando ainda mais os juros pagos pelos tomadores.
Fonte: Folha de São Paulo