O Santander vendeu para o FI-FGTS (Fundo de Investimento do FGTS) metade de sua participação no consórcio formado para a construção da hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira. O empreendimento, cujo custo é de cerca de R$ 12 bilhões, deverá acrescentar 2.140 MW em energia ao sistema energético do país e é considerado prioridade entre as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O Santander participava do projeto por meio de um FIP (Fundo de Investimento Privado) com o Banif. O FIP, registrado na CVM como Amazônia Energia, detém 20% do capital social da Saesa (Santo Antônio Energia), consórcio responsável pela construção da usina. As cotas eram iguais, ou seja, 10% para cada instituição.
Com a venda para o FI-FGTS, o Santander reduziu sua participação no FIP pela metade (agora é de 25%). O FI-FGTS passa a deter 24,9% e o Banif, 50,01%. O FI-FGTS é um fundo criado com recursos do FGTS para investir em infraestrutura. O valor da operação entre o Santander e o FI-FGTS não foi divulgado. A CEF confirmou a operação, mas não quis comentar. Santander e Saesa não quiseram se pronunciar.
A operação torna o FI-FGTS sócio da Saesa, com participação de 4,98%. E ele já entra fazendo aporte de capital. Isso porque o FIP tem de injetar R$ 650 milhões na construção da obra nos próximos meses.
O FI-FGTS também decidiu participar como financiador direto da usina. Para isso, comprou R$ 1,5 bilhão de uma debênture emitida pela Saesa.
Controvérsias
O Santander tentava vender suas cotas desde a criação do FIP, em 2007 -época do leilão da usina. O objetivo é sair do FIP, ficando apenas com a gestão do fundo. Seis meses após o início das obras, nenhuma cota tinha sido vendida. As instituições se preocupavam com o impacto do empreendimento.
O licenciamento da usina continua sendo questionado pelo Ministério Público Federal em Rondônia e a obra já causa impactos nem previstos no Estudo de Impacto Ambiental.
Os bancos continuam na defensiva. Tanto que encomendaram um estudo a uma consultoria internacional (ERM) para saber se o projeto está adequado às regras internacionais de financiamento sustentável definidas pelo Banco Mundial. Caso contrário, eles não financiarão o projeto.
Além dos impactos socioambientais, essas instituições financeiras também consideram que o prazo de financiamento da usina seria longo demais e os retornos do investimento, duvidosos (devido às previsões de queda no preço da energia no mercado livre). (JW)
Fonte: Folha de São Paulo