O Wells Fargo & Co., que tenta livrar-se da mancha de ter precisado de fundos de resgate do governo dos Estados Unidos, seguiu o caminho dos bancos concorrentes e vendeu US$ 10,65 bilhões em ações ordinárias para ajudá-lo a devolver os recursos recebidos do programa governamental de recuperação de ativos problemáticos (Tarp, na sigla em inglês).
O banco, de San Francisco, precificou 426 milhões de ações ordinárias a US$ 25 cada, de acordo com comunicado divulgado ontem, com o que superou a meta de levantar US$ 10,4 bilhões. O Wells Fargo pretende devolver integralmente os US$ 25 bilhões de dinheiro público que recebeu em 2008, segundo comunicado emitido na segunda-feira.
A saída do Tarp colocaria o Wells Fargo na mesma situação do Bank of America, J.P. Morgan Chase e Citigroup, seus maiores concorrentes, que ou já devolveram os recursos do governo ou anunciaram planos para fazê-lo.
O Wells Fargo e demais bancos alinham-se para pagar o Tarp "por causa do estigma de ter esse dinheiro", afirmou o analista Blake Howells, da Becker Capital Management, que trabalhou 13 anos no U.S. Bancorp. "Alguns banqueiros que entraram no Tarp e o pagaram cedo tiveram uma reação positiva de seus cientes e viram aumento nos depósitos."
As ações do banco, cujo maior acionista é a Berkshire Hathaway, do bilionário Warren Buffett, foram negociadas em alta de 0,67%, cotadas a US$ 25,66 no fechamento na Bolsa de Valores de Nova York. Fecharam No acumulado do ano até segunda-feira, apresentam desvalorização de 14%.
"Estamos prontos para saldar integralmente o Tarp de uma forma que atenda aos interesses tanto do contribuinte dos EUA como de nossos clientes, funcionários e investidores", afirmou o executivo-chefe do Wells Fargo, John Stumpf, no comunicado. Em entrevista coletiva, ontem, o executivo destacou que o plano cumpre a promessa do banco de sair do Tarp de uma maneira "benéfica aos acionistas".
Os subscritores das ações terão opção de 30 dias para comprar 63,9 milhões de ações adicionais. Embora o plano inclua a venda de ativos para levantar US$ 1,5 bilhão em capital, Stumpf afirmou que essa necessidade poderia diminuir se a oferta de ações fosse bem.
Os ativos que seriam vendidos não são estratégicos, disse Stumpf a investidores. "Simplesmente, nunca faríamos isso." As vendas poderiam incluir a redução de participação em firmas que são controladas de forma conjunta, passando de uma participação majoritária para uma minoritária, afirmou.
O banco também planeja levantar US$ 1,35 bilhão como parte de uma venda de ações para seus planos de benefícios, segundo o comunicado divulgado na segunda-feira.
O Wells Fargo, quarto maior banco em ativos e depósitos dos Estados Unidos pagará em dinheiro a compra de participação – que está em mãos da Prudential Financial Inc. – em sua unidade de corretagem de varejo, de acordo com outro comunicado. Anteriormente, o banco havia informado que a participação, equivalente a 25% da unidade, poderia ser adquirida com ações ou dinheiro.
A devolução dos recursos do Tarp reduzirá a renda disponível para os acionistas em US$ 2 bilhões no quarto trimestre, mas começará a beneficiar os lucros em 2010, destacou o comunicado.
O Tarp foi iniciado em outubro de 2008, quando Henry Paulson, ex-secretário do Tesouro, persuadiu nove dos maiores bancos do país a vender US$ 125 bilhões em ações preferenciais ao governo para estabilizar o mercado.
Fonte: Bloomberg / Dakin Campbell e Linda Shen, de San Francisco e de Nova York