Com isso, os bancários podem sair prejudicados na PLR. Sindicato negocia com cada banco, mas não descarta entrar na Justiça – Os cinco maiores bancos do país aumentaram em quase R$ 7 bilhões as provisões adicionais para créditos duvidosos no quarto trimestre do ano passado. Provisões adicionais são aquelas que superam o montante definido pelas regras do Banco Central (BC) e que têm diminuído de forma irreal o lucro dos bancos. O movimento sincronizado de Itaú-Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Santander Real e Caixa se deve à expectativa de alta da inadimplência ao longo de 2009, principalmente no primeiro semestre.

Levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating, feito com base em 20 balanços de bancos já divulgados, revela que o saldo de provisões em dezembro de 2008 era de R$ 55,9 bilhões, 48,4% mais que em dezembro do ano anterior. Em outras palavras, em 2008, os bancos aumentaram suas reservas anticalote em quase R$ 60 bilhões.

“Isso tem diminuído o lucro dos bancos, o que é prejudicial para os bancários, que vêem sua PLR cair. O Sindicato está negociando o pagamento da participação nos lucros e resultados com todos os bancos, mas não descartamos entrar na Justiça para garantir que os funcionários não sejam prejudicados por conta desse medo das instituições financeiras com a inadimplência”, afirma Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato, que destaca que desde 2007 a entidade defende mudança na regra da PLR. “A Fenaban tem dever moral de apresentar uma nova proposta para pagamento de PLR”, ressaltou.

O Itaú-Unibanco fez, individualmente, a maior provisão adicional de todos: R$ 3,023 bilhões só no quarto trimestre. O BB reservou R$ 1,7 bilhão, o Bradesco, R$ 597 milhões, a Caixa, R$ 1,3 bilhão, e o Santander Real, R$ 156 milhões nos últimos três meses do ano.

Mesmo em meio à maior crise financeira mundial dos últimos 70 anos, os bancos brasileiros ainda mantiveram ganhos bilionários. O lucro líquido das 20 instituições que já divulgaram o balanço de 2009 foi de R$ 32,7 bilhões, expansão de 2,9% em relação a 2007. Os ativos do sistema subiram 33% e ultrapassaram a marca de R$ 2,1 trilhões.

“A saúde financeira dos bancos é uma demonstração de que nada justifica a retração de crédito e nem as demissões, principalmente quando a desculpa é a crise financeira”, ressaltou Marcolino.

SEEB – SP, com jornais Estado de São Paulo e Valor Econômico