De olho no crescente interesse por ativos brasileiros na Ásia, bancos nacionais ou estrangeiros que atuam no país vêm criando e/ou ampliando estruturas para atender a exigente clientela oriental.

Profissionais fluentes em português e japonês têm sido contratados, e cursos para entender melhor a cultura local são promovidos. Já existem até anúncios de produtos financeiros brasileiros em jornais de grande circulação do Japão.

Também já é corriqueira a distribuição de panfletos promocionais com fotos de pontos turísticos brasileiros, como o Cristo Redentor, em ruas importantes de metrópoles como Tóquio. Eventos que há não muito tempo atrás eram restritos a investidores qualificados – os chamados road-shows – incluem, atualmente, pessoas físicas de classe média do Japão e de Taiwan.

"O mais interessante, desta vez, foi perceber que investir no Brasil não é mais visto como coisa exótica", disse ao Estado, de Cingapura, o principal executivo da área de administração de recursos do HSBC no Brasil, Pedro Bastos. No dia 8, ele iniciou, em Hong Kong, um road-show pela região. Passou por Japão e Taiwan, além de Cingapura. Em Tóquio, 800 investidores estiveram no evento. Em Taipei (capital de Taiwan), foram 750.

A primeira instituição de capital nacional a desbravar o mercado asiático foi o Itaú. "Começamos a visitar a região em 2006", conta Roberto Nishikawa, chefe da área global de investidores institucionais do banco. Em 2007, a instituição abriu uma corretora em Hong Kong e, em 2008, uma corretora em Tóquio.

"No começo foi muito difícil, porque o Brasil fica longe, tinha uma imagem ainda ligada à reestruturação da dívida e, para completar, crescia menos do que outros asiáticos. O investidor dizia: para que aplicar no Brasil, se aqui do lado há países que crescem muito mais?", relembra.

Hoje, ele não tem dúvidas de que a investida valeu a pena. O Itaú tem cerca de US$ 15 bilhões administrados em produtos na região, criados em parceria com instituições locais como Nikko, Daiwa, Shinko (as três no Japão) e KDB (Coreia do Sul).

O Bradesco tem 3 fundos dedicados a investidores asiáticos. O primeiro, de renda fixa, foi criado em novembro de 2008. De lá para cá, rendeu mais de 43% em ienes e 64% em dólares. Em fevereiro, abriu um (Amazon Brazil) para aplicação em ações. O mais recente, de ações de setores voltados para o consumo interno, foi lançado em junho e já rendeu 10,95% em ienes. No total, os três fundos têm patrimônio somado de quase US$ 2 bilhões.

"O que mais nos surpreende é o interesse das pessoas físicas", comenta o diretor de gestão e estratégia da Bradesco Asset Management e ex-secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy. Para ele, é fundamental que o País corresponda, daqui para a frente, à confiança desses investidores.

O Banco do Brasil, que há anos tem uma estrutura no Japão voltada a brasileiros e sul-americanos que vivem no país, adaptou a estrutura local para receber também japoneses. "Ampliamos o foco de um ano para cá e já temos 4 mil contas correntes abertas por japoneses", disse o vice-presidente do banco, Alan Toledo.

Os números do Citibank Brasil também corroboram o aumento do interesse dos asiáticos. Segundo Pedro Guerra, responsável pela área de serviço de transações globais do banco no País, em 2009, os asiáticos tinham 7% dos recursos estrangeiros sob custódia da instituição. Hoje, são 14%, o equivalente a US$ 25,6 bilhões. "Os asiáticos olham mais o longo prazo."

Fonte: O Estado de São Paulo /  Leandro Modé

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