A manutenção da trajetória positiva para os financiamentos pode ser verificada nos dados do Banco Central (BC). Mesmo sem os números relativos a março, o desempenho do sistema (crescimento de 0,7% em janeiro e de 0,8% em fevereiro) supera o do primeiro trimestre de 2009, período no qual as incertezas provocadas pela crise financeira internacional ainda assombravam as atividades domésticas.
Os grandes bancos de varejo devem apresentar expansão de aproximadamente 5% em suas carteiras de financiamento no primeiro trimestre de 2010, na comparação com o trimestre anterior, de acordo com as estimativas de mercado. Para os bancos de médio porte, especializados em crédito corporativo, as expectativas são ainda mais otimistas. De forma geral, é prevista uma evolução da ordem de 9% no período.
O apetite mais apurado para a oferta de crédito, por outro lado, tende a aumentar a concorrência bancária. Vale lembrar que as instituições privadas precisam recobrar o espaço perdido para os bancos públicos, que no ano passado seguiram à risca a cartilha anticíclica do governo e acabaram levando vantagem.
"O acirramento da disputa pode pressionar as margens", alerta Laura. Apesar de alguns bancos já estarem se antecipando a um provável aumento da taxa básica Selic, esse é um ajuste pontual, na opinião da analista. "No longo prazo, a tendência permanece sendo de queda."
Nada disso, porém, deve ofuscar a performance dos bancos, que se encontram bem posicionados para aproveitar o cenário de recuperação econômica. Adicionalmente, as despesas de pessoal e administrativas tendem a vir menores nos primeiros três meses em relação ao quarto trimestre do ano passado, quando se concentram, por exemplo, os pagamentos de 13º salário dos funcionários e os reajustes previstos em dissídio coletivo.
Mario Pierry, diretor de pesquisa para a América Latina do Deutsche Bank, chama também a atenção dos investidores para o comportamento das operações de tesouraria, que devem apresentar evolução significativa.
As fusões ocorridas recentemente no setor bancário, a exemplo da aquisição do Unibanco pelo Itaú e da união entre Santander e Real, devem começar a promover ganhos de sinergia, de fato, a partir de agora. "Cerca de 80% dos ganhos que o Itaú tende a auferir com a fusão estão programados para ocorrer ao longo de 2010", destaca Laura, da corretora Ativa.
No caso do Santander Brasil, o analista Jorg Friedmann, do Bank of America Merrill Lynch, projeta uma redução de 7% nas despesas do banco no primeiro trimestre em relação ao período anterior (estão excluídos da conta os encargos relativos a juros).
O índice de eficiência deve acompanhar os ganhos de sinergia e melhorar em 520 pontos-base, para 49,2%. O resultado a ser apresentado pelo Santander, cujo anúncio está marcado para amanhã, é, aliás, um dos mais aguardados pelos investidores. Desde a oferta bilionária de ações em bolsa, a cobrança por rentabilidade passou a ser a principal preocupação.
Fonte: Valor Econômico / Aline Lima, de São Paulo