Os bancos negociam com o governo uma forma de reduzir as taxas cobradas nos empréstimos para pequenas e médias empresas, setor mais afetado pela falta de crédito, como forma de dividir com o governo o eventual risco de inadimplência, informa reportagem de Toni Sciarretta e Janaina Lage na Folha.
Segundo o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Fábio Barbosa, a ideia é viabilizar uma alternativa de financiamento com custo menor para as empresas que perderam espaço no crédito interno para companhias de maior porte, que se financiavam no exterior.
Pela proposta, o risco de inadimplência –maior componente do custo do "spread" (a diferença entre o custo de captação do dinheiro para os bancos e a taxa cobrada do cliente)– seria bancado por uma espécie de seguro de crédito, gerido por um fundo de aval capitalizado pelo BNDES. O governo assumiria aporte de 100% desse fundo.
A proposta deve ser discutida nesta quarta-feira em reunião do ministro Guido Mantega (Fazenda) com os banqueiros.
O "spread" bancário tem sido um dos maiores motivos de críticas do governo aos bancos brasileiros. O economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, admitiu na quinta-feira passada (12) que o "spread" teve elevação após o último corte na taxa básica de juros de 1 ponto percentual, realizada pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).
Segundo o economista, isso ocorreu porque, embora as taxas ao consumidor caíram, não houve o repasse total do corte na Selic devido ao cenário macroeconômico vigente. "Isso é verdade [que as taxas caíram menos que a Selic]. Mas deve ser considerada a incerteza na economia e o aumento da demanda [por crédito]", disse Sardenberg.
As dúvidas sobre o desempenho da economia brasileira, especialmente em relação a dados como produção industrial e nível de desemprego, fazem com que os bancos temam um aumento da inadimplência –e a provisão para cobrir essa inadimplência compõe o spread bancário.
Na semana passada, o Banco Central liberou nova tabela sobre o ranking dos juros bancários para simplificar a divulgação dos dados aos consumidores.
Fonte: Folha Online