São Paulo – O setor bancário brasileiro, um dos mais lucrativos da economia, continua cortando postos de trabalho no país. Em 2015, os bancos extinguiram 9.886 empregos , segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Em dezembro, o saldo no setor foi de 1.639 vagas a menos, e 69% dos desligamentos foram por iniciativa das empresas.

Dezembro apresentou o terceiro pior saldo do ano, perdendo apenas para os meses de julho (-3.069) e novembro (-1.928). Em julho, o saldo negativo foi influenciado pelos programas de incentivo à aposentadoria implantados no Banco do Brasil e na Caixa.

> Bancos cortam quase 2 mil vagas em novembro

Ao mesmo tempo em que extinguem empregos, o que agrava a crise no país, as instituições financeiras faturam alto. Apenas as seis maiores (BB, Caixa, Itaú, Bradesco, Santander e HSBC) tiveram, juntas, lucro líquido de R$ 56 bilhões de janeiro a setembro de 2015 – o balanço anual desses bancos ainda não foi divulgado.

“Não há nenhuma justificativa para o corte de vagas em um setor que, mesmo em um período de crise econômica mundial, continua apresentando resultados nas alturas. Para dar uma ideia, esse montante de R$ 56 bi representa crescimento de 24% sobre o que eles lucraram no mesmo período de 2014”, destaca a secretária-geral do Sindicato, Ivone Maria da Silva.

Juros engordam lucro de bancos brasileiros 

Os bancos múltiplos, com carteira comercial, categoria que engloba grandes instituições, como Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil, continuam sendo os principais responsáveis pelo saldo negativo. Eles eliminaram 7.248 empregos em 2015 (73% do total). Na Caixa, foram fechados 2.497 postos de trabalho no período (25%).

Os 9.886 postos de trabalho fechados pelos bancos representantam avanço de 97,6% em relação ao balanço de 2014, de acordo com a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), divulgada pela Contraf-CUT.

O estudo revela, ainda, que nos últimos três anos o setor permaneceu extinguindo empregos. Na comparação com o ano 2013, quando houve o corte de 4.329 postos de trabalho, os números de 2015 representam um aumento ainda maior, de 128,4%.

Rotatividade – Além de diminuir seu quadro de pessoal, os bancos ganham com rotatividade, já que os admitidos entram nas empresas recebendo pouco mais da metade do que ganhavam os que saíram. Em 2015, os desligados tinham remuneração média de R$ 6.308,10, enquanto que o salário médio dos contratados foi de R$ 3.550,19, ou seja, 56% da remuneração média dos desligados. Em dezembro de 2015, essa relação foi de 57%.

Para Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT, a pesquisa conclui que os bancos, apesar dos lucros estratosféricos obtidos em 2015, dobraram a sua redução de postos de trabalho. “O que será que eles estão planejando para 2016? Continuar a sua escalada de lucros a qualquer custo, mesmo que para isso tenham que sacrificar o emprego de milhares de famílias? É uma falta de compromisso muito grande para com a sociedade. O setor que mais ganhou deveria estar contribuindo mais para a retomada do crescimento e da distribuição de renda. É isso que esperamos deles”, afirmou.

Gênero – A pesquisa reforça também que as mulheres, mesmo representando metade da categoria e tendo maior escolaridade, continuam discriminadas pelos bancos na remuneração. As 14.291 mulheres admitidas nos bancos, em 2015, receberam, em média, R$ 3.158,29. Valor 19,2% inferior à remuneração média dos homens contratados no mesmo período, que foi de R$ 3.909,25. A diferença de remuneração entre homens e mulheres é ainda maior na demissão. As mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos entre janeiro e dezembro de 2015 recebiam R$ 5.439,40, que representa 23,4% a menos que o salário dos homens desligados dos bancos, de R$ 7.104,83, conforme o levantamento.

  1. – No total, 22 estados apresentaram saldos negativos de emprego e apenas cinco tiveram saldo positivo entre desligamentos e admissões. As reduções mais expressivas ocorreram em São Paulo (-2.835), Rio de Janeiro (-1.515) e Rio Grande do Sul (-1.088). O estado com maior saldo positivo foi o Pará, com geração de 115 novos postos de trabalho, seguido pelo Mato Grosso, com 41 novas vagas.

Redação, com informações da Contraf-CUT – 21/1/2016