A taxa dos títulos em dólar para 2020 do Banco Bonsucesso subiu 19 pontos-base, para 10,08%. O aumento só não é maior que o salto de 35 pontos-base nos títulos do Banco ABC Brasil, controlado em parte pelo governo da Líbia. As taxas em títulos bancários brasileiros com vencimento semelhante caíram 17 pontos-base no mesmo período.
O governo aumentou o depósito compulsório e os requerimentos de capital dos bancos em dezembro para limitar a expansão de 21% do crédito, que ajuda a alimentar a inflação mais alta desde 2005.
O Banco BMG, que oferece crédito a pensionistas e aposentados, teve sua nota de crédito colocada em revisão para possível rebaixamento pela Moodys Investors Service na semana passada, com receio de que a compra do Banco Schahin poderá agravar as restrições causadas pelo maior custo de financiamento e pelos requerimentos de capital.
"Há uma diferença nas pressões que são introduzidas pelo capital adicional", disse Celina Vansetti, chefe de Pesquisa de Bancos na América Latina da Moodys, em entrevista por telefone, de Nova York. Isso afeta as instituições que dão crédito a empresas "muito menos, portanto estamos refletindo isso nas notas".
A taxa dos bônus em dólar com vencimento em 2020 do Banco BMG avançou 13 pontos-base neste ano, para 8,63%, ou 502 pontos acima da dívida pública de prazo similar, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Perspectiva negativa
A Moodys cortou a perspectiva para as notas dos bancos BMG, Cruzeiro do Sul, Bonsucesso e Schahin de estável para negativa em dezembro. A medida veio depois de o Banco Central ter elevado o compulsório em depósitos a prazo de 15% para 20%, e ampliado o adicional de compulsório para depósitos à vista e a prazo de 8% para 12%, com o objetivo de impedir a formação de uma bolha de crédito no País.
As instituições especializadas em crédito consignado também serão forçadas a buscar fontes alternativas de financiamento quando o BC começar a eliminar, no ano que vem, as garantias criadas para ajudá-los durante a crise financeira global.
Grandes Bancos
As linhas de consignado, que antes eram o foco dos bancos de médio e pequeno porte, agora fazem parte também dos planos de expansão dos grandes bancos.
Na comparação com março de 2010, as cinco maiores instituições financeiras divulgaram aumento considerável nesse segmento e revelaram planos de maior investimento. No primeiro trimestre de 2011, o Banco do Brasil cresceu 19,4%, o Santander, 34,6%, Bradesco, 28,3%, e Caixa Econômica Federal, 23,4%.
Para Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os grandes bancos anteriormente não consideravam o consignado um bom negócio.
"Os maiores entendiam que o consignado competia com o crédito pessoal, já que possui taxas de juros mais baixas. Então ficavam com o crédito pessoal, que tem maior rentabilidade. Com isso, começaram a perder clientes para outras instituições, com queda do volume de operações."
Fonte: DCI