Analistas financeiros estimam que o problema de rolar as dívidas em 2011 vai ser especialmente difícil para os bancos regionais alemães, os Landesbanks, com necessidade de ? 145 bilhões, e também as "cajas" espanholas, com ? 33 bilhões.
Ao mesmo tempo, os governos endividados até o pescoço continuarão recorrendo fortemente ao mercado. Somente a Grécia verá títulos a vencerem num montante de ? 27 bilhões por ano, totalizando ? 238 bilhões de até 2020.
O pacote de ? 85 bilhões para a Irlanda, aprovado no último domingo pela União Europeia (UE), destina ? 10 bilhões para os combalidos bancos irlandeses, que estão hoje praticamente sob controle do Estado.
O plano de socorro europeu prevê a eventualidade de mais ? 25 bilhões de liquidez para os bancos irlandeses, para quebrar a falta de funding nos últimos tempos. Com isso, as ações dos bancos irlandeses subiram ontem. De maneira geral, porém, a reação dos mercados foi menos positiva, com investidores temendo que a crise bancária na Irlanda se propague a outros países.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alerta que a vulnerabilidade para o caso de falência de bancos é particularmente alta em países como a Suíça, onde as duas maiores instituições, UBS e Credit Suisse, têm ativos cinco vezes maiores que o Produto Interno Bruto (PIB) do país, e a Holanda, onde os ativos dos dois maiores é três vezes superior ao PIB.
Certos analistas calculam quanto os bancos perderiam em caso de rompimento da zona euro. Se a moeda comum for abandonada, e se voltar ao marco alemão, peseta espanhola, lira italiana, drachma grego, desvalorizações vão ocorrer imediatamente, e deixaria o sistema bancário quase insolvente, na avaliação de Arturo de Frias, chefe de pesquisa da empresa Evolution, citado pela agência "Bloomberg".
Bancos franceses, alemães e britânicos poderiam perder até ? 360 bilhões com o colapso do euro, assumindo-se uma desvalorização de 30% na busca para restaurar as moedas nacionais.
Esse cenário parece fora de questão, mas só sua publicação já causa desconforto entre investidores, diante da situação da zona euro atualmente.
Fonte: Valor Econômico – Assis Moreira