A decisão do CMN que ampliou a garantia dos depósitos a prazos dos bancos para R$ 20 milhões foi saudada pelas instituições de pequeno e médio portes por apontar uma saída para o problema de falta de confiança dos investidores. Nos últimos meses do ano passado, esses bancos sofreram com fortes resgates de certificados de depósitos bancário (CDB), que em alguns casos chegou a 40% do total.

"O problema já não era de liquidez, mas era necessário restabelecer a gestão apropriada de ativos e passivos. Isso passa necessariamente pela captação mais perene e a prazos mais longos", afirma Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC).

Depois das primeiras medidas tomadas pelo Banco Central – liberação do compulsório e as compras e antecipações feitas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) – o problema de liquidez foi resolvido. Os saques também cessaram, mas as novas captações estavam comprometidas.

O patamar de cobertura e os limites impostos pelo CMN devem colocar no mercado entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões. É esperada também uma redução das taxas de captação para os médios, hoje entre 120% e 130% do CDI, para patamar mais próximo a 115% do CDI, estima Oliva. Essa queda também deve ser repassada para o crédito, com redução de spread, afirma.

A opção pelo Recibo de Depósitos Bancários (RDB) é outro ponto favorável pois, diferentemente do CDB, ele não tem liquidação antecipada. Além disso, o instrumento pode ser emitido por financeiras. "Isso reduz a volatilidade e equilibra o sistema financeiro", avalia Adalberto Savioli, presidente da Acrefi.

Os investidores também receberam de maneira positiva, com alta das ações desses bancos. "O mercado está vendo como uma possibilidade de um funding mais diversificado e maior. Mas acho que as taxas ainda vão permanecer altas por um tempo", avalia Otávio Vieira, diretor de investimentos da Safdié Private Banking.

Fonte: Valor Econômico / Fernando Travaglini