A maioria dos bancos listados na BM&FBovespa – detendores de mais de 60% dos ativos do sistema financeiro brasileiro – preevem aumentar a remuneração fixa de seus diretores executivos em 2015. E, em boa parte dos casos, o reajuste previsto para supersalários é superior à inflação.

O grupo, de 27 instituições, inclui gigantes como o Itaú, maior banco privado do País em volume de ativos, que destinará a cada executivo cerca de R$ 1,196 milhão em 2015 a título de remunerações fixas, ou R$ 984 mil líquidos de INSS patronal.

Esse último valor, que é suficiente para adquirir quase cinco BMW 420i Cabriolet Sport ano 2016, é apenas uma fatia do que esses funcionários devem receber, pois não inclui bônus e outros pagamentos variáveis. No ano passado, as remunerações baseadas em ações do banco somaram cerca de R$ 10,6 milhões para cada diretor – ou seis Ferraris California ano 2015. O valor inclui o INSS pago sobre esse montante.

O levantamento foi feito pelo iG a partir das informações que as instituições financeiras prestaram ao mercado, e compara as previsões de remuneração fixa – salário ou pró-labore, benefícios diretos e indiretos participação em comitês e outros valores fixos, em que algumas instituições incluem o INSS patronal, de 22,5% – para 2014 e 2015.

Dos 25 bancos que prestaram informações, 20 projetam uma remuneração fixa média por diretor maior que em 2014 e, em 16 desses, o aumento é superior à inflação de 9,65% estimada pelo mercado para este ano, segundo o último boletim Focus, do Banco Central.
O maior reajuste é o de uma instituição pública. O Banco de Brasília (BRB), controlado pelo governo do Distrito Federal, elevou em 81% as previsões, de R$ 577,8 mil para R$ 1,044 milhão – montantes que incluem o INSS patronal.

O BRB argumenta que o aumento decorre do corte no número de diretores, de 14 para 8, e que o valor total a ser dispendido com a remuneração fixa desses funcionários ficou inalterado, em R$ 8,4 milhões. Além disso, alega que no 1º semestre o valor efetivamente pago foi 6% menor que o de 2014.

“A tendência é de que o total das despesas com remuneração fixa dos diretores estatutários em 2015 seja, inclusive, inferior ao ano de 2014”, informa o banco.

Entre os bancos privados, o maior percentual de reajuste é do BTG, que previu gastar R$ 5,33 milhões com a remuneração fixa de cada um de seus diretores em 2015, 41% acima dos R$ 3,78 milhões estimados para 2014 (as quantias também levam em conta o INSS patronal). Embora expressivos, o valor deste ano não chega nem à metade dos R$ 13 milhões que cada executivo levou para casa em 2013.

Procurada, a instituição – que, diferentemente do Itaú, não distribui remuneração variável aos seus diretores executivos – não quis se pronunciar.

O Santander, que com 2,6 mil agências possui a 5ª maior rede de atendimento do País, prevê um aumento de 9,7% nas remunerações fixas, índice ligeiramente superior à inflação prevista para o ano. O banco estima gastar em R$ 2,575 milhões com o supersalário de cada um dos diretores estatuários em 2015, ante os R$ 2,347 milhões de 2014.

Além dos já citados, os reajustes reais nos supersalários foram previstos por Alfa Holding, Banco da Amazônia, Banese, Banrisul, Indusval, Mercantil de Investimentos, Mercantil do Brasil, Nordeste do Brasil, Banco Pan, Banco Pine, Consórcio Alfa e Paraná Banco, de acordo com o levantamento do iG.

Chama a atenção o fato de a relação de instituições financeiras com alta dos supersalários ter estatais – os Estados, como se sabe, têm passado por dificuldades para manter as contas em dia. No caso do Rio Grande do Sul, por exemplo, a situação dos cofres públicos está tão delicada que o governo precisou adiar o pagamento da folha de pagamento dos funcionários públicos. Mas o Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A) prevê um aumento de 14,6% nos salários dos executivos.

IG
Vitor Sorano / Maíra Teixeira